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Com fronteira fechada, Bolívia suspende exportação de alimentos

Leonardo Cabral em 27 de Outubro de 2022

Diário Corumbaense

Fronteira segue fechada pelo Paro Cívico (greve) no departamento de Santa Cruz

“Para salvaguardar a segurança alimentar, está suspensa temporariamente a exportação de soja, açúcar, óleo e carne bovina”, declarou o ministro do Desenvolvimento Produtivo da Bolívia, Néstor Huanca.

“A medida já está em vigor desde a zero hora desta quinta-feira, 27 de outubro, e segue até que as condições normais de abastecimento sejam restabelecidas para toda a população boliviana”, disse o ministro ao questionar a greve por tempo indeterminado que ocorre no estado de Santa Cruz de la Sierra pela realização do Censo Demográfico em 2023.

O ministro culpou os representantes da Comissão Interinstitucional promotora do Censo e da Comissão Cívica de Santa Cruz pelas consequências da paralisação do setor produtivo e da ameaça à segurança alimentar da população.

Reprodução/Unitel TV

Ministro do Desenvolvimento Produtivo, Néstor Huanca, anunciando suspensão temporária de exportações

“Eles são culpados pelos danos e prejuízos milionários que estão sendo causados ​​à Santa Cruz e ao aparato produtivo nacional”, disse Huanca em entrevista coletiva. “É uma medida preventiva que estamos tomando”, completou em entrevista à Unitel.

O Ministro do Desenvolvimento Produtivo fez um apelo “à reflexão” às lideranças cívicas e às autoridades departamentais de Santa Cruz para iniciar um diálogo que permita à população boliviana retomar a produção e o fornecimento de alimentos de forma regular e irrestrita.

Na fronteira

O Paro Cívico no departamento de Santa Cruz de la Sierra, também afeta diretamente a região de fronteira com Corumbá. A linha internacional entre os dois países está fechada desde sábado (22) e só é permitido o tráfego a pé. Também há pontos de bloqueio em trechos da estrada Bioceânica, até Santa Cruz, distante 650 km da fronteira com o município corumbaense.

O setor de importação e exportação é um dos mais afetados. Conforme o presidente do Setlog Pantanal (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística), Lourival Vieira Costa Júnior, em média, um caminhão parado tem reflexo no prejuízo de R$ 5 mil dólares ao dia.

“Isso não é só caminhão, a indústria perde dinheiro, importador perde dinheiro, transportador, o porto seco, então imagina 300 caminhões parados em Corumbá, média que passa entre importação e exportação, temos um prejuízo diário de 1,5 milhão de dólares por dia com a fronteira fechada”, explicou Lourival ao Diário Corumbaense.

Em relação ao prejuízo às exportações e importações, o chefe da Alfândega da Receita Federal de Corumbá, Erivelto Moisés Torrico Alencar explica: “Valor diário de mercadorias que saem do Brasil para a Bolívia é de 41 milhões de reais e o valor diário de mercadoria que sai da Bolívia com destino ao Brasil é de R$ 4 milhões. Ou seja, o fechamento da fronteira está provocando uma perda de 45 milhões de reais a ambos os países, 41 milhões ao Brasil porque exporta valor todos os dias e a Bolívia, 4 milhões, de mercadorias que o Brasil importa. É um valor bem considerável, 45 milhões ao dia. O movimento no comércio exterior chega a 2 bilhões no ano, nesses dias de fechamento estima-se prejuízo de 235 milhões de reais em cinco dias". 

Estima-se que cerca de 8 mil veículos de passeio passam por dia pela fronteira e aproximadamente entre 600 a 800 veículos de cargas cruzam a linha internacional entre Corumbá e a Bolívia.

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