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Em casa de novo, idosa acorrentada tem "esperança" de ver filho solto

Campo Grande News em 30 de Setembro de 2022

Henrique Kawaminami/Campo Grande News

Com olhos marejados, ela conta que filho trocou móveis da casa por drogas

Nesta sexta-feira (30) a idosa de 74 anos, que foi resgatada depois de ser agredida e acorrentada pelo filho, de 35 anos, voltou para a casa no Jardim Aeroporto, em Campo Grande, com esperança de que o filho seja solto e volte a morar com ela.

Na madrugada de quinta-feira a Polícia Militar flagrou ela sendo agredida pelo homem, caída no chão e recebendo chutes. Ela mesma contou aos policiais que estava sem comer já tinham dois dias e que vivia acorrentada na cama. Dentro da casa não havia quase nenhum móvel e a PM encontrou fezes de gatos em todos os cômodos.

Após a prisão do filho, ela negou para a delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) que era agredida e disse que esperava voltar a morar com o filho. Nesta sexta-feira, ela conversou com a reportagem, pedindo para não ser identificada. Ela afirmou que só é agredida "às vezes", quando o filho fica nervoso, e reafirmou que tem esperanças de voltar a viver com ele. 

"Voltei morar aqui porque é a única casa que eu tenho. Ele ainda não voltou, policial levou, mas espero que ele volte. Ele não trabalha, é esquizofrênico, complica tudo quando junta com os amigos e bebe, aí ataca a loucura, mas depois passa. Ele me batia, mas só quando ficava alterado. Tá na mão de Deus", disse ela. 

Com os olhos marejados, ela conta que ele acabou com tudo da casa em troca de drogas. "Carregou até minha cama, só tem fogão e geladeira, o resto levou tudo. Ele é esquizofrênico, não pode trabalhar. Além desse problema, ele se junta com certos amigos da onça e complica mais a situação" conta.

Ao ser questionada sobre a briga na madrugada de quinta-feira, ela explica que o filho se alterou quando não recebeu permissão para levar um botijão de gás embora. Nervoso com a situação, começou a agredir a mãe adotiva até a polícia ser acionada por vizinhos, que afirmaram à polícia, e à reportagem, que a idosa é agredida com frequência e os gritos por socorro duram quase 24 horas por dia.

"Ele é meu filho adotivo, tinha um mês quando adotei, era neném. A mãe dele sumiu, era lá de Dourados. Naquela época eu morava em Nova Andradina e ela foi lá anunciar que queria entregar o filho. Não posso abandonar ele, não posso deixar ele sozinho. Eu acredito que quando ele voltar, ele volta bom. Pessoal do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) já procurou, mas ele não segue tratamento" desabafa a idosa.

Ao ser questionada se a residência foi limpa, ela conta que ninguém apareceu para arrumar o local, mas que ela mesma vai arrumar aos poucos, e que para hoje almoçaria macarrão ou arroz, únicos alimentos que tem na despensa. "Eu tenho outro filho, mas ele viaja muito, mora em Ponta Porã. Não temos contato, ele não se dá com meu filho adotivo. Tenho família, mas eles não participam, sabe? Cada um no seu cantinho" finalizou.

Preso em flagrante por lesão corporal, ameaça e maus-tratos, todos com agravante de violência doméstica, o filho da idosa não foi ouvido pela polícia por estar muito alterado. A delegada que atendeu a ocorrência pediu que ele seja preso preventivamente e o pedido foi aceito.