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Irmã faz tatuagem em homenagem a Grazielly: “Para tê-la sempre ao meu lado”

Leonardo Cabral em 07 de Julho de 2022

Foto pessoal cedida ao Diário Corumbaense

"Tatuagem foi uma forma de homenagear e sempre ter ela 'colada' em mim", disse France

Com a recente dor da lembrança, Francelle Karoline Alves Menacho, de 30 anos, tatuou no braço esquerdo, uma frase em homenagem à irmã, Grazielly Karine Soares Alves de Lima, de 28 anos, vítima de feminicídio em junho, em Corumbá.

O nome da irmã está acompanhada da frase: “Grazielly, você era a minha força. A partir de hoje, será a minha estrela”, Francelle publicou a tatuagem em sua rede social, após 11 dias da morte de Grazielly.

“A tatuagem foi uma forma de homenagear e sempre ter ela 'colada' em mim, como sempre fomos, nem que seja pelo nome dela ou de alguma outra forma, pois sei que lá de cima, ela está olhando por todos nós. A falta que ela está fazendo é imensa”, relatou ao Diário Corumbaense.

France, como também é conhecida, diz que a frase resume como ela e a irmã eram. “A gente sempre foi unida. Uma ajudando a outra e uma defendendo a outra, tínhamos nossos desentendimentos, como qualquer irmão tem, mas nada interferia. Minha irmã era uma pessoa boa, batalhadora, guerreira. Eu tenho muito orgulho da pessoa que ela foi, sempre corria atrás daquilo que queria”, relembrou.

Uma das características de Grazielly, conforme a irmã, também era a ligação com a família. “Sempre família, gostava de estar junta, ela zelava muito por todos nós. Não foi criada pelo pai, e, minha mãe, era tudo na vida dela”, mencionou.

Sonhos e últimos momentos juntas

Cinco dias antes de ser morta, Francelle contou que a irmã foi até a casa dela fazer suas unhas, pois ela era manicure. Neste, que seria um dos últimos momentos juntas, ela lembra da conversa que tiveram. “Como sempre, conversávamos sobre coisas que estavam acontecendo com a gente. Ela disse que tinha vontade de voltar a estudar, pois fazia curso de Direito, mas acabou trancando a faculdade por conta dele (o assassino), mas ela havia afirmado que voltaria e terminaria o curso”, falou. “Era o sonho da vida dela ser advogada”, completou.

Foto de arquivo pessoal cedida ao Diário Corumbaense

France fala sobre as boas lembranças da irmã (à direita) e o cuidado com o filho dela, de 11 anos

Além disso, a irmã diz que Grazielly era uma mulher bastante vaidosa e gostava muito de conhecer lugares novos. “Era vaidosa mesmo, ainda mais com os cabelos, unhas e maquiagem. Onde chegava chamava a atenção. Ela gostava muito de viajar, conhecer lugares novos, era uma das coisas que mais amava fazer. Era bastante carismática e alegre. Até hoje não dá para acreditar que ela não está mais aqui. É um verdadeiro pesadelo o que passamos e estamos enfrentando”, contou Francelle, que ainda busca respostas para o que aconteceu.

Toda a família sofre com a ausência de Grazielly, mas o filho dela, de 11 anos, é o que mais precisa de atenção nesse momento. “Minha irmã se foi, mas deixou um filho de 11 anos. É doloroso e difícil ver ele ao ir dormir, chamar pela mãe. Ele chora todas as noites. Temos ajuda psicológica, mas sabemos que tudo que estamos passando é difícil. Daqui pra frente vamos vivendo um dia de cada vez, tem dia que está melhor e tem dia que bate saudade intensa, imaginar tudo isso é difícil. Ficam as boas lembranças e momentos que tivemos com ela”, concluiu Francelle.

O feminicídio

Grazielly foi morta de forma cruel. Ela foi torturada, esfaqueada, golpeada com socos, mordidas e teve o cabelo cortado em várias partes. O crime, que chocou a cidade, aconteceu na madrugada de 22 de junho, no bairro Popular Nova. O autor foi Edmilson Veríssimo dos Reis, de 33 anos, com quem mantinha relacionamento conturbado e de idas e vindas.

Horas antes, eles haviam saído para jantar e ao retornar para a casa de Edmilson, Grazielly foi assassinada. "Aquidauana", como era conhecido, depois de cometer o crime ficou foragido por algumas horas, mas ao ser encontrado em uma residência na parte alta da cidade, atirou contra a própria cabeça, ficou hospitalizado por cinco dias e morreu no dia 27 de junho.

Com a morte de Edmilson, "ficou extinta a punibilidade" e o caso será arquivado, segundo a Polícia Civil.