Leonardo Cabral em 25 de Março de 2022
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Catedral foi erguida com elementos da arquitetura eclética pelo polêmico pregador imperial Frei Mariano de Bagnaia
“A Catedral é a igreja mãe da Diocese, que abrange Corumbá e Ladário e toda parte do Pantanal, é um momento forte e importante, pois depois de cinco anos fechada até o bispo nunca entrou oficialmente na sua Catedral, onde ele vai tomar posse da sua Cátedra e retomar as atividades da igreja mãe da Diocese”, falou o padre Júlio César Silva Mônaco, pároco da Catedral.
Ainda conforme ele, a igreja Matriz, como também é conhecida, ficou muito bonita, porém, ainda restam alguns reparos, mas nada impede o momento especial que marca a reabertura. “Dedicação com a igreja, missas todos os dias, inclusive nos finais da semana. Está muito bonita, tem alguns retoques que serão revistos, mas no geral, a ansiedade de voltar para a igreja que há cinco anos está fechada é bem maior. Todos nós estávamos aguardando ansiosamente o retorno”, completou o padre ao Diário Corumbaense.
Emoção toma conta
Muitos fieis estavam contando as horas para a chegada deste dia, considerado por muitos, pra lá de especial. Alguns ansiosos, outros felizes e outros, claro, não contendo a emoção, demonstram a sua devoção ao poderem rever as portas da Catedral, que é uma das mais antigas do Estado, construída por Frei Mariano de Bagnaia no século 19, reabertas.
Entre os devotos, está Odair Alves Campos, de 58 anos. Com os olhos cheios de lágrimas, não escondendo a emoção, ela disse estar vivendo um momento muito especial. Para ela, rever a Catedral aberta novamente é sinônimo de muita fé, esperança e agradecimento, pois foi ali, que em algumas fases de sua vida, encontrou forças para seguir em frente.
“Difícil de segurar as lágrimas. Entrei lá na igreja rápido, e a emoção foi muito grande, passa um filme na cabeça da gente. Tudo que aconteceu, o que vivemos, enfim. Foram cinco anos e, hoje, estamos aqui. No decorrer de todos esses anos, a cada vez que anunciavam que iriam retomar com a Catedral, criava expectativa. Saber que a Catedral está de volta é motivo de agradecimento e emoção. Estou muito feliz mesmo. São cerca de 20 anos me dedicando à Nossa Senhora da Candelária. Sou muito grata, alcancei muitas graças pela interseção dela”, contou Odair.
O templo foi erguido com elementos da arquitetura eclética em frente à Praça da República, onde se deu a heroica retomada de Corumbá durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). Em seu altar, destaca-se um brasão da coroa portuguesa, o que indica as influências europeias no bem, e guarda também uma imagem de Nossa Senhora da Candelária, padroeira da cidade.
A reabertura
O evento de reabertura começa às 16 horas, com uma quermesse na Praça da República. Às 17h30 uma procissão com a imagem da Santa sairá da frente da Igreja Nossa Senhora da Caacupê com destino à Matriz.
A cerimônia de dedicação da Catedral, com reabertura das portas da Igreja, está marcada para às 18 horas. Após a celebração, por volta das 20 horas, a quermesse será retomada na praça com a apresentação de diversas atrações musicais, inclusive o show regional da dupla Alex e Ivan, oferecido pelo Governo do Estado.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
O restauro foi realizado com recursos do PAC Cidades Históricas, do Governo Federal, e com contrapartidas da Prefeitura e do Governo do Estado
Patrimônio Municipal e Estadual
Construída por Frei Mariano de Bagnaia no século 19, a igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária tornou-se patrimônio histórico e cultural do município de Corumbá no dia 02 de fevereiro de 2017, por meio do decreto municipal número 1.748.
A declaração, para fins de tombamento, levou em consideração – além das características arquitetônicas da igreja – a proteção do patrimônio histórico cultural local; o valor histórico da Catedral para a cidade; o fato de ter sido construída em 1885 e ser o templo católico mais antigo de Mato Grosso do Sul e ainda o fato de Nossa Senhora da Candelária ser padroeira de Corumbá e da Diocese.
O prédio da Matriz agrega valor ainda maior a um conjunto arquitetônico de muita relevância. Está inserido num complexo de prédios históricos formado pela antiga unidade da Casa Mista, do Instituto Luiz de Albuquerque (ILA) e a sede da Polícia Federal.
No mesmo ano, a Catedral de Nossa Senhora da Candelária foi reconhecida como Bem do Patrimônio Histórico Material de Mato Grosso do Sul. Conforme a publicação, o Conselho Estadual de Cultura concluiu que a Igreja “está entre as edificações de maior expressão quanto à riqueza histórica e arquitetônica de Mato Grosso do Sul”.
O prédio, com elementos da arquitetura eclética, cuja pedra fundamental foi lançada em 1872 pelo pregador imperial e Vigário da Vara, Frei Mariano de Bagnaia, foi inaugurado em 1877. Na igreja fica alojada a padroeira de Corumbá, Nossa Senhora da Candelária, e em sua construção foi encontrado um brasão da Coroa Portuguesa. A Catedral está inserida numa região próxima de outros prédios e monumentos que já tiveram seu valor histórico reconhecido.
O restauro foi realizado com recursos do PAC Cidades Históricas, do Governo Federal, da ordem de R$ 1.786.064,84, com contrapartidas da Prefeitura e do Governo do Estado.
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