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Vítimas de abusos, ginastas norte-americanas são indenizadas em 337 milhões de euros

Rosana Nunes em 14 de Dezembro de 2021

Divulgação

Ginastas foram vítimas de abuso do médico da seleção

As atletas olímpicas Simone Biles, McKayla Maroney e Aly Raisman estão entre as mais de 330 jovens que sofreram abusos do médico da seleção norte-americana, Larry Nassar. As centenas de ginastas chegaram a um acordo judicial compensatório de valor equivalente a 337 milhões de euros com a Federação e o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (EUA).

Está encerrada, portanto, uma batalha legal de cinco anos que envolveu várias gerações de ginastas e colocou na prisão Larry Nasser por mais de 300 anos.

Depois da condenação do médico que acompanhava as atletas na seleção dos EUA, o escândalo de abusos que abalou o clima desportivo chega à última etapa.

Um tribunal do estado de Indiana estipulou o valor de indenização das centenas de vítimas: 337 milhões de euros, um dos maiores já atribuídos a casos de abuso sexual.

As seguradoras da Federação e do Comitê Olímpico e Paralímpico serão responsáveis pela maior parte dos 337 milhões. A segunda entidade concordou em pagar 30 milhões de euros, dos quais 6 milhões serão emprestados pela Federação.

Rachael Denhollander foi a primeira mulher a denunciar publicamente Nassar, em 2016. Ao tomar conhecimento da decisão, a ginasta escreveu no Twitter: "Este capítulo está finalmente encerrado".

"Agora, o trabalho difícil de reforma e reconstrução pode começar. Se há ou não Justiça e se faz uma mudança, depende do que acontecer em seguida", acrescentou. No total, Nassar foi acusado de abuso sexual por mais de 330 mulheres e meninas na Federação de Ginástica dos EUA e na Michigan State University.

Em 2018, no ano da prisão de Nassar, a Michigan State University já tinha concordado em pagar cerca de 442 milhões de euros como indenização às vítimas.

Com a indenização confirmada agora, o valor total sobe para 779 milhões de euros.

Em comunicado, após a aprovação da compensação, a Federação de Ginástica disse estar profundamente arrependida pelo trauma e pela dor das vítimas, como resultado das ações e inações da organização.

"Individual e coletivamente, as sobreviventes deram um passo à frente com bravura, para defender uma mudança duradoura neste desporto. Estamos comprometidos em trabalhar com elas e com toda a comunidade da ginástica, para garantir que continuemos a encarar como prioritárias a segurança, a saúde e o bem-estar de nossos atletas e comunidade, acima de tudo", afirmou o presidente da Federação, Li Li Leung.

Um dos advogados que representam as vítimas, John C. Manly descreveu o acordo dessa segunda-feira como "histórico". Prestou homenagem às mulheres que testemunharam publicamente: "Nós prevalecemos por uma razão simples, a coragem e tenacidade das sobreviventes."

Também deixou em aberto um novo capítulo relacionado com o processo de investigação. No verão passado, perante o Comité Judicial do Senado dos EUA, algumas atletas voltaram a ser ouvidas para avaliar o somatório de erros das autoridades federais, o que implicou a continuação dos abusos.