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Iphan notifica comerciantes contra poluição nas fachadas

Não serão mais permitidos painéis ostensivos que cubram a arquitetura antiga dos casarões tombados e ocupados pelo comércio

Nelson Urt em 27 de Maio de 2009

Nelson Urt

Prédios de casarões tombados na rua Frei Mariano terão de retirar painéis e destacar a arquitetura antiga

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pretende despoluir visualmente até o final do ano as fachadas das lojas de Corumbá que estão situadas na área de entorno ou que já foram tombadas pelo município, compreendendo parte das ruas Frei Mariano, Dom Aquino e Delamare. Dessa forma, as fachadas das lojas terão de ser alteradas para se adequar à nova legislação federal. Não serão mais permitidos painéis que cubram a arquitetura antiga. “Um dos modelos de fachada a ser seguida é o da Casa Anache, na rua Frei Mariano”, afirmou ao Diário a chefe do escritório do Iphan em Corumbá, a arquiteta Silvia Mercado Cedron. “Outras lojas com fachadas que precisam fazer adequações estão sendo notificadas, com um prazo de 90 dias”, acrescentou. O Iphan é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, em Brasília, e possui planos de ação para municípios com sítios e conjuntos urbanos tombados e em processo de tombamento. A superintendência regional fica em Campo Grande, sob a responsabilidade de Maria Margareth Ribas Lima. O órgão atua em parceria com a Prefeitura, que possui um Código de Postura que deve ser seguido pelos comerciantes durante qualquer alteração arquitetônica de uma obra do patrimônio histórico. “Vamos propor uma assembleia com a participação de nossos técnicos, comerciantes, a Prefeitura, os vereadores, para esclarecer o nosso plano de readequação para as áreas tombadas”, afirmou Silva Cedron.

Fundada em 1946, a Casa Anache manteve a arquitetura original, com o nome da loja escrito em letras sutis na vitrine. Na parte alta, apenas um toldo flexível marron. “Fizemos questão de manter a fachada original, seguindo a lei de tombamento que não permite alterações ou painéis que cubram a arquitetura. Dessa forma contribuímos com a despoluição visual do Centro”, afirmou Wilma Anache, que comanda a loja ao lado da irmã Julieta, seguindo o comércio dos pais. “O prefeito Kassab, de São Paulo, lançou esse plano de despoluição e deixou a cidade bem mais bonita. Com certeza, Corumbá também vai ficar”, acrescentou.

O Boticário é uma das primeiras lojas do Centro a se adequar às medidas do Iphan. Na verdade, a loja de perfumaria, localizada na rua Frei Mariano, iniciou no final do ano passado uma restauração no seu letreiro luminoso e só depois recebeu notificação do Iphan comunicando que as  mudanças estavam fora dos padrões da legislação federal. “Agora estamos refazendo o letreiro luminoso e nos readequando às medidas do Iphan”, revelou a gerente Silvana Coelho de Souza. “Não fomos multados, mas poderiam até fechar a loja se não cumpríssemos as determinações”, acrescentou.

O secretário executivo de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Ricardo Ametlla, disse que se tratou de um procedimento padrão do Iphan ao notificar comerciantes. “Sempre que um proprietário realiza serviços em fachadas de prédios tombados é obrigado a comunicar ao Iphan”, afirmou ao Diário. “O projeto de despoluição visual é uma determinação e deve ser colocado em ação assim que todos os setores forem ouvidos, inclusive Ministério Público e a comunidade”, acrescentou.