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Corpo de artista circense morta pelo namorado será sepultado nesta terça em Corumbá

Leonardo Cabral em 09 de Novembro de 2021

Foto enviada pela família ao Diário Corumbaense

Kauany foi morta pelo namorado que se entregou no mesmo dia do crime

Está sendo velado nesta terça-feira, 09 de novembro, na Capela Anjo da Paz, o corpo da artista circense corumbaense, Kauany Circo, de 32 anos. Ela foi morta pelo namorado, de 18 anos, no último sábado (06), com um golpe de tesoura na região do pescoço, na cidade de Catanduva - São Paulo.

No momento do crime, Kauany, que era travesti, estava dentro de um trailer do circo, quando foi agredida e depois morta pelo acusado. Em Corumbá, onde a família reside, amigos e parentes participam do velório. 

Ao Diário Corumbaense, a irmã, Leiliane Moraes Pereira, contou que Kauany estava muito feliz com o trabalho no circo. “Ela se sentia realizada, pois sempre sonhou em estar nesse mundo da arte circense, trabalhar com o circo. Desde a época de escola, era bem participativa em desfiles, concurso, apresentações. Simplesmente estava num momento bastante completo de sua vida”, contou Leiliane.

Ainda de acordo com ela, mesmo viajando com o circo, ela sempre mantinha contato. "Ligava para a minha mãe todos os dias mantendo e pedia sempre para nós cuidarmos da nossa mãe. Ela era bem família”, descreveu a irmã.

Leiliane diz que Kauany foi embora com o circo quando tinha seus 17 para 18 anos. Desde então, apaixonada pelo trabalho, viajava pelas cidades do Brasil. “Quando ela decidiu ir embora, foi muito difícil, principalmente para a minha mãe, aceitamos, pois esse era o sonho dela. E em toda apresentação que fazia, com certeza  estava feliz, realizada e muito satisfeita”, mencionou.

Alguns dias em Corumbá 

Foto enviada pela família ao Diário Corumbaense

Kauany estava feliz e realizada, disse irmã em entrevista ao Diário Corumbaense

Por causa da pandemia da covid-19, Kauany veio para Corumbá onde ficou por alguns meses ao lado da família. “Ela permaneceu aqui alguns meses, até janeiro deste ano, quando foi embora novamente para começar a trabalhar. Mas todos os anos, Natal e Ano Novo, ela estava aqui com a gente, fazia questão de vir. Agora, as festividades não serão mais a mesmas”, lamenta Leilaine que falou que a irmã estava há pouco tempo com o acusado. "Ela quase nunca falava dele, mas sempre que dizia algo, eram coisas boas. Mas, como sempre ligava era mais para saber da família e da nossa mãe, mas foi ela quem o levou para trabalhar no circo”, contou a irmã.

O diretor-presidente da Fundação de Cultura do Pantanal, relembrou ao Diário, sobre o talento de Kauany. "Ela desde pequena sempre despertou esse lado artístico, a acompanhava nas escolas, CAIC, Dom Bosco, e já via esse talento. Depois com 12 ou 13 anos de idade, eu a encontrei e a chamei para a Oficina de Dança, sempre talentosa, com uma flexibilidade com o corpo. Ela sempre foi apaixonada pelo circo, pela arte circense, gostava muito, toda vez que vinha circo para Corumbá, ela prestigiava. Na Oficina já dançou, foi minha aluna, sempre talentosa. Recebi a notícia com muita tristeza da artista corumbaense, a Fundação de Cultura lamenta muito a perda de alguém que estava lutando e sobrevivendo da arte”, disse Joilson.

O crime

Kauany vivia com o acusado e rodava o Brasil com o circo, apresentando números acrobáticos e de força capilar. Antes de se instalar na avenida José Nelson Machado, em Catanduva, o Circo Encantado passou por outras cidades da região, como Mirassol e Rio Preto, e ficou parado em Votuporanga durante todo o período de restrições da pandemia.

André Luis Coutinho, de 18 anos, acusado pelo crime, se entregou horas após o crime e indicou que estava no bairro Jardim Alpino, onde foi encontrado por policiais militares. Aos agentes, ele afirmou que é usuário de cocaína e, na madrugada do crime, Kauany tentou impedir que ele fizesse uso da droga. Ela o teria empurrado, André se irritou, pegou uma tesoura e atacou a companheira no pescoço. O casal estava junto há apenas três meses.

Conforme o jornal Gazeta de Rio Preto, ele já foi submetido à audiência de custódia e a juíza Patrícia da Conceição Santos decidiu converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. André foi levado para a cadeia pública de Catanduva.

Kauany Circo, como era conhecida, será sepultada na tarde desta terça-feira, no cemitério Santa Cruz. A família contou com o apoio de amigos, que fizeram "vaquinha" para o translado do corpo até Corumbá.