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Boliviana que alertou sobre voo da LaMia tem pedido de refúgio renovado e continua morando em Corumbá

Leonardo Cabral em 03 de Dezembro de 2019

Reprodução/ El Deber

Célia chegou em Corumbá em dezembro de 2016

Celia Castedo Monasterio, ex-funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia, teve o pedido de refúgio renovado no Brasil. Ela vive em Corumbá desde dezembro de 2016, quando teve o pedido  aceito pela Justiça brasileira, após justificar que na Bolívia passou a ser perseguida após as declarações sobre o acidente aéreo que matou 71 pessoas. 

A então funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia (Aasana), teria apontado problemas no plano do voo que transportava a delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes para a cidade de Medellín, na Colômbia, em 28 de novembro de 2016. Das 76 pessoas que estavam na aeronave, 71 morreram. A equipe brasileira iria disputar a final da Sul-americana de futebol naquele ano. 

Três anos após a tragédia, Celia Castedo ratifica que voo não deveria ter saído, pois ela, como inspetora, teria alertado, mas depois de uma ordem superior  da Direção Geral de Aeronáutica Civil, o avião foi liberado para seguir viagem para a Colômbia. 

O plano de voo do avião apresentado pela companhia LaMia no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu a aeronave, teve pelo menos quatro pontos questionados pela funcionária responsável por verificar o documento. Entre eles, a autonomia do voo, já que houve preocupação de que a quantidade de combustível na aeronave não fosse suficiente para cumprir o trajeto até Medellín.

As regras internacionais de aviação exigem que o avião disponha de combustível para pelo menos meia hora a mais do que o tempo previsto no trajeto, porque pode haver necessidade de que a aeronave procure outro aeroporto ou fique à espera de liberação de pista para aterrissar. Depois de relatar seus questionamentos, a funcionária teria passado o documento para os controladores de voo. Não se sabe por que, mesmo com as dúvidas, a viagem foi autorizada. 

A Aasana enviou ao Ministério Público boliviano notícia-crime contra Celia Castedo por "não cumprimento de deveres" e "atentado contra a segurança dos transportes". Ela foi suspensa de suas funções por suspeita de negligência no dia 1º de dezembro e, então, veio para Corumbá e pediu refúgio.

O refúgio é uma proteção legal que o Brasil oferece a cidadãos de outros países que estejam sofrendo perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, ou ainda, que estejam sujeitos, em seu país, a grave e generalizada violação de direitos humanos.

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