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Bolívia cria comissões para apurar supostos subornos cometidos por empresas brasileiras

Lívia Gaertner em 11 de Abril de 2018

Os casos de corrupção envolvendo empreiteiras e pessoas do Governo do Brasil, estão respingando em outro país. Na Bolívia, a relação entre essas empresas e representantes governamentais também foram ventiladas a partir da Operação Castelo de Areia, realizada pela Polícia Federal do Brasil, partindo da superintendência do órgão em São Paulo, conjuntamente com o Ministério da Justiça, na qual documentos mencionavam 17 vezes a Bolívia e relacionava-a a três iniciais: “C. Morales”, “GG-SNC” e “CM” que, segundo as investigações teria recebido, ao menos, 700 mil dólares como suborno, de acordo com reportagem do jornal El Deber.

Uma comissão especial mista foi instituída no país vizinho para investigar as empreiteiras Odebrecht e Carmargo Correa que atuaram na Bolívia e sobre as quais recaem suspeitas de financiarem suborno a ex-autoridades bolivianas desde o ano de 2004 para obter vantagens, entre elas, obras milionárias.

“Existem contas bancárias internacionais e na Bolívia. A comissão buscará definir a quem elas pertencem”, disse a deputada do MAS, Susana Rivero, que faz parte da comissão que conta com seis parlamentares. Eles terão 180 dias para apresentar resultados da investigação.

“Vamos trabalhar de acordo com a Constituição e com o direito internacional, pois há indícios no exterior. Esse é um compromisso com o povo. Teremos nossa primeira reunião nos próximos dias quando vamos eleger a presidência e metodologia de trabalho”, esclarece a deputada Betty Yañíquez, também do MAS, mesmo partido do presidente Evo Morales.

Por sua vez, a oposição, não vê com bons olhos limitar as investigações apenas a Odebrecht e a Camargo e Correa, já que sustenta que as empresas Andrade Gutiérrez, Queiroz Galvão e OAS também estão envolvidas em sete obras no país.

“Insistimos que, para nós, o caso Lava Jato na Bolívia é sinônimo de OAS. É o principal ator. Não é por acaso que o MAS se nega a investigá-la, é porque os três grandes contratos da OAS se obteve durante a gestão do presidente Evo Morales, então existiu uma estrita relação da OAS com o governo de Lula e do presidente Morales”, afirmou o senador Óscar Ortiz, embora acredite que não consiga obter colaboração das fontes públicas para a comissão que abriram em paralelo com a oficial.

O conglomerado de empresas da Odebrecht ganhou licitações para uma série de obras na Bolívia, e algumas delas aparecem em documentos sobre supostas comissões por parte de um serviço estatal de estradas já extinto, o Servicio Nacional de Caminos (SNC).

O escândalo de corrupção da Odebrecht já se expandiu por mais uma dezena de países da América e da África, onde autoridades investigam o pagamento de propina a políticos por parte da construtora.

A companhia fechou acordos de colaboração com a Justiça em Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Panamá, Guatemala e Equador nos quais, além de pagar multas milionárias, reconheceu ter cometido atos ilícitos e se comprometeu a não repetir os mesmos.

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