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Padre Rosalino deixa legado à juventude diocesana de Corumbá

Caline Galvão em 18 de Novembro de 2016

Aos 34 anos de idade, o padre Rosalino de Jesus Santos, encontrado morto nesta sexta-feira (18), deixou legado à comunidade católica de Corumbá e principalmente à juventude. Envolvido em todos os eventos da diocese, o líder da Paróquia São Bartolomeu dedicou sua vida ao ministério sacerdotal. “Ele participava de todos os eventos que acontecia com os jovens na nossa diocese. Resgatava todos eles e fazia o tereré com Cristo que reunia mais de cem jovens todas as segundas-feiras. Organizava toda a encenação de Cristo quando reunia a diocese de Corumbá, ele é quem corria atrás de patrocínios, incentivava os jovens a participar”, disse Marcelino Medina, coordenador da comunidade Matriz São Bartolomeu, que lamentou muito a morte do padre Rosalino.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Padre Rosalino era párocro da Paróquia São Bartolomeu e era o principal líder da juventude diocesana

O líder religioso chegou à Paróquia São Bartolomeu como diácono recém-formado, passou a ser coordenador e pároco, liderava todas as atividades da Igreja Católica na parte alta da cidade e movimentava os jovens da igreja. “Ele deu um novo rumo para a nossa paróquia, na verdade deu um novo rumo à diocese. Todas as coisas que aconteciam na diocese, ele estava envolvido porque gostava de estar ali ajudando, fazendo as coisas crescerem. Como nosso líder espiritual, despertou uma coisa muito importante, de formar muitas pessoas de um jeito meigo e simples de ser. Deixou um grande legado”, completou Marcelino ao Diário Corumbaense.

O coordenador da comunidade afirmou que, pelo padre estar sempre motivado, não demonstrava passar por depressão, no entanto, Marcelino já sabia que a saúde mental do pároco era acompanhada pela diocese há alguns anos. De acordo com Marcelino, o pároco já havia passado por tratamento contra depressão em 2013, depois da morte da  mãe dele. Daí por diante, passou a ser cuidado pela diocese neste sentido. “Em todas as celebrações que fazia, estava super motivado, tinha homilias maravilhosas. A gente já sabia do problema dele porque foi bem público para a diocese que ele havia ido para um tratamento em 2013”, afirmou o coordenador.

Pela manhã, o delegado da Polícia Civil, Sam Suzumura, responsável pelo caso, afirmou que a confirmação do suicídio pelo enforcamento só pode ser dada oficialmente com a conclusão final do laudo da necropsia. Ele disse ainda que o corpo foi encontrado com uma corda no pescoço que estava pendurada em uma janela, dentro do quarto do padre. No local do fato, não foi localizada nenhuma carta de despedida ou algo que deixasse clara a motivação do suicídio. “A gente tem alguns indicativos do quadro psicológico dele, mas só que esses indicativos precisam ainda ser confirmados”, afirmou o delegado.

No começo da tarde, Sam Suzumura, confirmou a este Diário que a perícia técnica atestou “asfixia por enforcamento” como causa da morte do religioso. O delegado disse ainda que tanto a perícia no local como o exame necroscópico, “não encontraram indícios de luta ou qualquer outra situação”, o que indica que o padre tenha tirado a própria vida.

Corpo foi retirado do Bispado de Corumbá, onde o padre morava, por volta das 08h20 desta sexta-feira (18)

Sonho do padre era ser jornalista, mas vocação religiosa falou mais alto

Em entrevista a este Diário em agosto de 2014, o pároco Rosalino, que era ladarense, havia afirmado que a vontade de ser padre surgiu no início da sua fase adulta, quanto começou a se envolver com a igreja e perceber o quanto um sacerdote tinha a capacidade de “resgatar almas e salvar vidas”. Na sua juventude, estudou para fazer vestibular para Jornalismo, namorou, foi marinheiro e tinha o sonho de construir uma família, mas a vocação para a vida religiosa falou mais alto.

Em 2005, ele tomou a decisão de ser padre. Em 2006 foi para Campo Grande, concluiu o seminário e retornou a Corumbá em 2012. No entanto, um percalço no seu caminho fez com que lutasse contra a tristeza até o dia da sua morte. Seis dias antes de sua ordenação, que aconteceu em 31 de maio de 2013, a mãe dele faleceu.

“Ser padre é ter amor à causa. Tem vezes que as pessoas só querem ser ouvidas ou entendidas. A vida é feita de renúncias”, afirmou o padre em entrevista em 2014. O padre era convicto de sua missão e seu desejo sempre foi o de ajudar os mais carentes da cidade. “Essa é nossa missão: mostrar para o povo o caminho e que o melhor  a seguir é Jesus Cristo”, havia dito o padre Rosalino.

Velório do padre Rosalino deve acontecer na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, em Ladário

Uma das situações emblemáticas no ministério sacerdotal do pároco foi quando ele conseguiu, em agosto de 2014, fazer o reencontro de dona Margarida, 21 anos depois de ter perdido contato com a família e filhas. Na época, o reencontro aconteceu durante missa celebrada pelo padre. A ocasião foi propícia para ele fazer uma celebração pela família. “Como é bom ter família, como é bom valorizar a família. Nada melhor, que como cristão, líder espiritual, como comunidade poder ajudar uma família a se reencontrar e, sobretudo, ser feliz”, disse o padre Rosalino na ocasião.

Na última quarta-feira, 16 de novembro, o padre Rosalino postou a seguinte mensagem em sua página pessoal no Facebook: “noites traiçoeiras....até aqui não faltou em mim esforço, dei o meu melhor,,,, mas tenho remado muito a favor de maré, e tenho permitido que a ela me leve.....momentos de revolver tudo, de tomar uma nova decisão...me ilumine senhor.... seu amor é e me basta me refaça, mas faça apenas humano....”

(Matéria editada às 15h37 para atualização de informação).

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