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Exército articula para Forte Coimbra se tornar região turística

Caline Galvão em 19 de Setembro de 2016

Com 241 anos de existência, a região de Forte Coimbra é visitada constantemente por turistas, muito embora não seja local ainda homologado como espaço cultural. Inserido na lista de lugares brasileiros a serem considerados como Patrimônio da Humanidade, hoje no Forte trabalham 280 militares que moram com suas famílias na vila construída há muitos anos no local. Além deles, vivem na região cerca de 40 famílias de civis que sobrevivem da pesca, em sua maioria. Uma única escola pública, com séries até o último ano do Ensino Fundamental, é oferecida aos moradores que precisam migrar para a cidade caso queiram se desenvolver nos estudos.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Fauna, flora, geografia e história da região de Forte Coimbra encantam turistas e moradores do lugar que convivem com vários tipos de animais

A região de Forte Coimbra, considerada distrito de Corumbá, abriga diversidade de animais e flora pantaneira que enche os olhos de qualquer visitante. Lobos, jaguatiricas, macacos e até onças são normalmente encontrados na região que esbanja calmaria e índice de criminalidade zero. Estando em Corumbá, o melhor meio para se conhecer Forte Coimbra é saindo de carro até a região do Porto Morrinho, localizada na BR-262, cerca de 70 quilômetros de distância do centro da cidade. De lá, é só seguir viagem de barco até o Forte, numa também distância aproximada de 70 quilômetros. Pelo rio Paraguai, a viagem proporciona beleza singular.

Assim como outras unidades militares do Exército, o Forte de Coimbra está em processo de modificação com relação à sua administração. A 3ª Companhia de Fronteira instalada no local, subordinada ao Comando Militar do Oeste do Exército Brasileiro, vai ser transformada em pelotão. Com essa modificação, o efetivo militar será reduzido para cerca de 99 pessoas. A transformação faz parte de um remanejamento interno dentro de todo o Exército Brasileiro. Além disso, há pretensão de que a região seja transformada em local de passeios turísticos e campo de pesquisas científicas. O primeiro passo para isso, foi o acordo assinado no aniversário do Forte, dia 13 de setembro, entre o CMO e a Universidade Federal da Grande Dourados.

Mas, para que o local possa receber turistas com maior frequência, na esfera federal do Exército está havendo tramitação para que o Forte se transforme em espaço cultural. Com isso, investimentos poderão ser captados e direcionados para manutenção da região com objetivos turísticos. O general-de-Exército Paulo Humberto Cesar de Oliveira, comandante do CMO, afirmou que o Forte Coimbra, por sua importância histórica e natural, não é patrimônio do Exército, mas do povo brasileiro, e que a área deveria ter mais visitações e ser mais divulgada.

O Forte de Coimbra é o único do Brasil que combateu estrangeiros em guerras declaradas

“Eu fiquei surpreso quando soube que o Forte Coimbra é candidato a ser Patrimônio da Humanidade e a gente ainda não tinha no Exército o Forte homologado como espaço cultural. Com a homologação, ele fica em condições de colocarmos o empenho, instrumento pelo qual a gente repassa verbas no nosso sistema financeiro, na manutenção do Forte Coimbra”, afirmou ao Diário Corumbaense o general Paulo Humberto Cesar de Oliveira.

O Forte abriga museu com objetos militares antigos, réplicas de navios de séculos passados e informações históricas. No Forte há um mirante de onde pode ser observada a copa das árvores da mata nativa pantaneira, além do rio Paraguai. A paisagem, canhões antigos e luminária centenária podem ser vistos no mirante. O visitante pode conhecer também a gruta Ricardo Franco, a terceira maior do Estado. O local conta com hotel de trânsito que pode ser usufruído por civis. O hotel dispõe apenas de sete apartamentos e, quando não há militares em viagem oficial ao Forte, turistas podem solicitar vaga antecipadamente.

Apaixonados pelo lugar, moradores não pretendem se mudar

Adriano Ortigoza é corumbaense e há 38 anos mora em Forte Coimbra. Serviu como sargento e chegou ao local com 19 anos e quando seu tempo como militar encerrou, não quis sair da região. Desde 1980 se tornou professor e hoje é diretor da Escola Municipal Ludovina Portocarrero, única escola que existe na região e que atende 50 alunos. O nome da instituição homenageia a esposa do único Barão de Forte Coimbra, Hermenegildo de Albuquerque Portocarrero, que foi comandante do Forte no início da Guerra do Paraguai. “Vim para cá com 19 anos e me adaptei muito bem. Aqui eu construí família, tenho dois filhos adultos que moram hoje em Campo Grande, gosto muito desse lugar, convivo com a natureza diariamente, preservo, e tudo isso nós aplicamos aqui no nosso cotidiano escolar”, afirmou Adriano Ortigoza a este Diário.

Moradores destacam tranquilidade e beleza do lugar

De acordo com ele, o convívio com a 3ª Companhia de Fronteira é bastante harmônico. “No quadro de professores há esposas de militares e, no passado, já tivemos aqui militares que deram aulas”, disse o diretor que reconhece que sem a ajuda dos militares, seria muito difícil. “Vou ser sincero, sem eles aqui, não sei se conseguiríamos sobreviver. A guarnição militar é muito importante para toda a comunidade, não só a comunidade de Forte Coimbra, mas as áreas que circundam o Forte”, afirmou. Ortigoza não pretende morar em outro lugar. “Eu gosto de todas as coisas que tem aqui, principalmente a disciplina que temos, onde podemos criar nossos filhos em segurança, não temos perigo de nada, é um lugar tranquilo e de muita paz”, destacou.

De Campo Grande veio Lúcio Bispo, que há 15 anos mora em Forte Coimbra e tem comércio. Há 90 anos, seu avô chegou à região onde serviu ao Exército, casou e criou seus filhos. Lúcio, que morava na Capital, sempre visitava o avô e acabou decidindo morar na região. “Eu sempre me preocupava com meus dois filhos que fazem hoje faculdade. Eu via como as coisas estavam difíceis na cidade. Para você ver, nossa segurança aqui é uma tela, jamais na cidade eu conseguiria fazer isso. Meu comércio, eu posso viajar e deixar na tela, sem preocupação alguma, esse é um dos motivos que me levam a ficar até hoje em Forte Coimbra”, disse. Para ele, o melhor que há na região é o sossego e a natureza. 

Galeria: Forte Coimbra - 2016

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