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Justiça condena casal a 56 anos de prisão pela morte de taxista

Da Redação em 29 de Agosto de 2016

Condenado pela Justiça, sem direito de recorrer em liberdade, o casal acusado da morte do taxista Claudinei Guerreiro Zorio, de 64 anos, no início de março deste ano. O julgamento pelo crime de latrocínio – roubo seguido de morte – aconteceu na quinta-feira, 25 de agosto. Edgar Souza de Arruda, 26, foi condenado a 26 anos e três meses de reclusão. Ingride da Silva Suares, 23, foi condenada a 30 anos de prisão – pena máxima existente no Brasil. Somadas as penas, são 56 anos e nas duas situações, o regime inicial é o fechado.

Na sentença, o juiz da 2ª Vara Criminal, Deyvis Ecco, esclarece que não concedeu aos réus o direito de apelarem em liberdade, porque “os fundamentos da prisão preventiva permanecem incólumes (garantia da ordem pública)”. A pena um pouco menor imposta a Edgar pode ser explicada pelo fato de que “deve ser reconhecida a atenuante da confissão espontânea, haja vista que o interrogatório do réu foi utilizado como fundamento para sua condenação”. De acordo com o magistrado, “a autoria é certa e recai na pessoa do denunciado Edgar Souza de Arruda, porquanto ele confessou a autoria delitiva de maneira detalhada, narrando todas as circunstâncias ocorridas desde os atos preparatórios ao crime até o momento em que ele e sua comparsa foram presos no território boliviano”.

Arquivo Diário/ Anderson Gallo

Edgar foi condenado cumprir mais de 26 anos de prisão; Ingride pegou a pena máxima existente no Brasil; no detalhe o taxista Claudinei Guerreiro

Na dosimetria da pena, o magistrado verificou que “o grau de reprovabilidade da conduta do réu, deve lhe prejudicar, porquanto extrapolou o comum para este tipo de delito, na medida em que foram encontradas na vítima diversas lesões – duas perfurações na região abdominal, hematomas na região da face, uma perfuração grande no pescoço, duas perfurações na região do peito e marcas de unha no braço”. Também agravou a pena o fato de a vítima ter idade superior a 60 anos.

No caso de Ingride (grafia que consta na sentença judicial), o juiz observou ter sido “possível extrair das provas testemunhais” que a “ré participou efetivamente da conduta delituosa antes, durante e depois da subtração do veículo da vítima”. Agravou a dosimetria o fato de “a ré em companhia do denunciado Edgar, mediante dissimulação, ou seja, escondendo a vontade ilícita atraiu a vítima e cometeu o crime (...) bem como que a vítima apresentava idade superior a 60 anos”.

Informações do inquérito

A sentença do juiz da 2ª Vara Criminal, Deyvis Ecco, traz informações do inquérito policial. Nele é relatado que um boliviano, primo de Ingride, “encomendou” à prima o veículo a ser roubado e que deveria ser levado até a Bolívia. “os denunciados Edgar e Ingride, de forma premeditada, passaram a observar a vítima Claudinei Guerreiro, o qual é taxista, monitorando a rotina do ofendido, a fim de colocar em prática a execução do crime. Para tanto, inclusive, tiraram fotografias do veículo automotor, enviando-as para o contratante”. O inquérito diz ainda que depois de colocar em prática o plano, contratando, um dia antes, a suposta corrida junto à vítima “a fim de preparar-se para o crime, Edgar, naquele mesmo dia (08.03), adquiriu duas facas”.

O crime

O taxista Claudinei Guerreiro Zorio foi morto a facadas no dia 09 de março deste ano, numa ação montada por Edgar e Ingride para roubar o carro da vítima, um Ágile. O casal acusado foi preso na Bolívia no dia 19 daquele mês, pelos policiais bolivianos da Direção de Investigação e Prevenção ao Roubo de Veículos (Diprove). Os dois foram expulsos de lá dois dias depois.

No dia 23 de março, a Polícia Civil de Corumbá fez a reconstituição dos fatos. A ação mostrou que tudo foi premeditado. “Foi uma dinâmica de premeditação e ficou muito claro isso. Essa premeditação consta do momento em que o Edgar avistou o veículo da vítima no dia anterior , parou no ponto de táxi da vítima, pegou um cartão com o taxista, perguntou se fazia corridas normalmente, e foi embora para casa. Já na casa da Ingrid, por volta das 07 horas da noite, telefona para a vítima perguntando se teria condições de fazer uma corrida amanhã pela manhã , para levar a mulher à Saúde da Mulher porque ela está grávida. O taxista falou que sim, que faria essa corrida. Quando foi entre 05h15 e 05h20 houve outro telefonema do Edgar já na posição onde  pega a corrida . Desse ponto, nesse momento, ele liga para a vítima, que demorou de 7 a 10 minutos, que chega por volta das 05h30 e acontece toda a situação. Com um golpe fatal na carótida (vaso sanguíneo situado no pescoço e que leva sangue ao cérebro) da vítima e outros quatro golpes de faca ao longo do corpo . A vítima levanta, é empurrada pelos dois para fora do veículo e cai em meio à BR. Se levanta sangrando, se joga em cima do capô do veículo para impedir que eles prossigam. Ainda conseguiu dominar a faca do autor e cortou a Ingrid, ela está com um corte no braço. Isso representa a luta dele pela vida. Na continuidade , delimitamos a chegada da vítima até o local onde foi encontrado, ele foi cambaleando e caiu nas proximidades da BR”, disse na época ao Diário Corumbaense o delegado regional Gustavo Bueno.