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Corumbaenses vão representar o xadrez do Estado nos Jogos Escolares da Juventude

Caline Galvão em 27 de Junho de 2016

Depois de vencer no masculino e feminino no xadrez dos Jogos Escolares de Mato Grosso do Sul, Corumbá estará representada nos Jogos Escolares da Juventude pelos enxadristas campeões Letícia Vila da Silva e Felipe de Figueiredo, que vão disputar pelo Estado a etapa nacional, na categoria de 12 a 14 anos. Estudando na mesma escola, os dois atletas se preparam para ter uma boa colocação nos jogos nacionais, que vão acontecer de 21 a 27 de setembro, em João Pessoa, na Paraíba.

Treinando três vezes por semana por três horas seguidas em cada treino, Letícia Vila, de 13 anos, contou que em 2016 se preparou melhor e, por isso, conquistou medalha. “Esse ano fomos mais preparados, fomos campeões na etapa xadrez pensado e no blitz”, afirmou a enxadrista. Letícia explicou que o xadrez pensando é jogado com cronômetro, pode ser 15, 30 ou 61 minutos de jogo, oferecendo aos esportistas mais tempo para pensar as jogadas. Já no blitz, os enxadristas devem contar com muita agilidade, não podem pensar muito e devem jogar rápido.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Letícia tem se dedicado aos treinos para representar MS na competição nacional

Letícia contou que para chegar até os Jogos Escolares do Mato Grosso do Sul passou por seleção em Corumbá. Primeiro, ela passou pela triagem na escola onde estuda, depois passou pela seleção da Fundação de Esportes de Corumbá (Funec) para poder chegar à competição estadual. Em Campo Grande, Letícia venceu cinco jogos pensados contra adversárias e cinco blitz, todos contra todos, meninos contra meninas. Ela explicou que foram dois dias de jogos, no começo de junho. “Pelo meu treinamento, há quase três anos, eu já tinha esse objetivo de chegar até o fim e o resultado já era esperado”, afirmou Letícia, que começou a jogar com 11 anos de idade na escola.

A atleta afirmou que o xadrez é um esporte que ajuda nas disciplinas escolares por exigir atenção e concentração, além de lidar com cálculo. “Eu tinha um pouco de dificuldade em matemática e depois que comecei a jogar, passei a tirar notas mais altas. Mas não ajuda apenas com cálculos, o xadrez ajuda nas outras matérias que exigem mais concentração e me disciplina porque o xadrez exige regras”, afirmou ao Diário Corumbaense.

Letícia tem focado nos treinos para representar bem o Estado na etapa nacional. “Agora que estamos treinando e começamos a levar mais a sério, nosso objetivo é sermos campeões e conquistarmos a vaga para o sul-americano, que vai ser no Chile e depois vem o mundial”, disse a enxadrista. “Eu sou honrada em jogar xadrez porque não é a pessoa que escolhe o xadrez, é o xadrez que escolhe a pessoa”, completou a atleta.

Da mesma forma que Letícia, Felipe de Figueiredo, de 14 anos, conquistou troféu por ter sido o melhor enxadrista nos Jogos Escolares de Mato Grosso do Sul no masculino e duas medalhas pelas vitórias nas partidas do tipo pensado e blitz. Felipe contou que começou a jogar xadrez muito cedo, com cinco anos de idade. Ele não tem nenhuma dificuldade para aprender matemática e acredita que o xadrez o ajuda nisso. “O xadrez ajuda a desenvolver o conhecimento”, afirmou o enxadrista.

Felipe aprendeu a jogar xadrez aos cinco anos

Felipe lembrou que  na seleção feita em Corumbá, para poder participar dos JEMS, ficou em primeiro lugar. Felipe disse que não foi fácil vencer as partidas durante os jogos estaduais. “Eles deram muito sufoco para a gente”, disse. Ele competiu com atletas de Maracaju, Três Lagoas, Ponta Porã, Vicentina, Jardim e outras cidades. Venceu quatro jogos pensados e empatou um. No blitz, venceu as cinco rodadas. “O jogo mais difícil foi contra o adversário de Maracaju, mas eu ganhei dele faltando pouco tempo.” Embora difícil, Felipe acreditava que poderia conquistar o primeiro lugar. “A concorrência estava forte, mas eu tinha uma esperança. Para a etapa nacional estou treinando, fazendo exercícios”, contou.

Roosevelt de Figueiredo, pai de Felipe e jogador  amador de xadrez, contou que o esporte requer bastante tempo para treinar e estudar todas as teorias que existem, por isso, logo quando os dois filhos começaram a treinar, ele jogava com os meninos, mas agora não consegue acompanhá-los. “O irmão dele começou por acaso, o ensinou a  jogar e se tornou campeão do Estado”, comentou, falando a respeito do enxadrista Roosevelt Israel. Na época, quando Felipe começou a treinar, a escola onde estudava já oferecia xadrez, mas não havia nenhuma criança da idade dele jogando, foi quando o menino convidou um amigo e começou a treinar com ele.

“Logo no primeiro campeonato ele foi campeão estadual, em 2009, e depois disso ele foi ganhando quase todos os campeonatos que teve aqui em Corumbá e quando viajava também tinha boas colocações”, afirmou Roosevelt. De acordo com ele, há um tempo atrás Felipe ia representar o Brasil em um campeonato mundial, mas não pôde por falta de recursos financeiros. “Agora é a oportunidade que ele tem porque está recebendo o apoio da Fundesporte”, disse Roosevelt, sobre a etapa nacional que vai acontecer em setembro.

“Esses campeonatos duram dois, três, cinco dias, os jogadores ficam concentrados às vezes por oito horas, então, eu acredito que qualquer pessoa que consiga ficar concentrada com o objetivo de jogar xadrez está preparada para qualquer tipo de concurso e qualquer coisa que requeira grande concentração”, afirmou Roosevelt, pai do enxadrista Felipe de Figueiredo.

Quais são as vantagens de se aprender xadrez?

De acordo com a revista “Educar para Crescer”, da editora Abril, o xadrez estimula o raciocínio lógico, ativa a concentração, desenvolve a tomada de decisões, aguça a memória, trabalha a paciência, demanda capacidade de planejamento, aumenta a autoconfiança, proporciona o respeito ao adversário, exige responsabilidade e instiga a imaginação e a versatilidade.

Matéria veiculada no Jornal Futura, do Canal Futura, em julho de 2015, afirma que a Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura e a Unesco, recomendam que o xadrez seja estudado nas escolas. O xadrez é um jogo cerebral, que exige do jogador concentração, observação, planejamento e a capacidade de definir estratégias. Quem joga xadrez precisa ser disciplinado e estabelecer planos. Essas qualidades ajudam diretamente no aprendizado da matemática e também de outras disciplinas que exigem esse tipo de raciocínio.

Estudo da Universidade de Hong Kong provou, por meio da pesquisa do Dr. Yee Wang Fung, que os estudantes que jogam xadrez têm uma melhoria de 15% em provas de matemática após o início da prática. Na Venezuela, o projeto Learning to Think Project concluiu que até mesmo o QI de uma criança pode ser aumentado por meio do treino do xadrez. Além disso, a pesquisa de William Levy, do Departamento de Educação de Nova Jersey, nos EUA, mostra que o jogo interfere também em questões pessoais, como a autoestima e confiança. Os dados são da revista “Educar para Crescer”.

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