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Centrho faz mutirão para solicitação de carteira de nome social em Corumbá

Da Redação em 06 de Maio de 2016

Corumbá sediou na tarde da quinta-feira, 05 de maio, um mutirão para solicitação de Carteiras de Nome Social que asseguram às pessoas travestis e transexuais a identificação pelo nome social em documentos de prestação de serviço quando atendidas nos órgãos da Administração Pública direta e indireta. A iniciativa é do Centro de Referência de Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia (Centrho), que é vinculado à Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast).

“É muito importante para mim como travesti, como pessoa trans dentro da minha cidade, essa carteira com identidade social. Isso quebra muitos tabus, o maior deles é que não vou precisar passar pelo constrangimento que várias vezes eu passei. Hoje, entrego minha identidade, não tem como contestar meu nome, se tiver alguma dúvida puxa pelo meu RG que está no cadastro. A carteira não muda RG e CPF”, disse ao Diário Corumbaense a presidente do Instituto Diversidade do Pantanal, Viktoria Lorrayna Pereira Medina.

Fotos: Ricardo Albertoni/ Diário Corumbaense

Viktoria Lorrayna foi a primeira da cidade a receber a carteira de nome social

Primeira em Corumbá a receber a Carteira de Nome Social – fez o cadastro anteriormente –, Viktoria destacou que o documento – regulamentado pelo decreto estadual 13.684 de 12/07/2013 – garante o direito de ser chamado pelo nome. “Com essa carteirinha, eu me reconheço como mulher trans, me reconheço como travesti. Posso chegar no banco e falar para o meu gerente que eu quero que mude o meu cartão bancário para meu nome social. É meu direito de ser chamado pelo meu nome. Meu nome, onde estava Clemilson no registro civil, hoje está Viktoria. Mas, o meu sobrenome que é Pereira Medina, continua”, afirmou.

Vik, como é chamada, argumentou que a carteirinha que recebeu, juntamente com o cartão do SUS representa a equivalência de direitos. “O direito que o hétero tem de ser chamado como ele quer, nós temos também, tanto eu mulher trans ou um homem trans. Temos travestis aqui, que pela primeira vez vão começar a se sentir mais dignas porque vão ter sua carteirinha e não terão mais constrangimentos”, completou explicando, de modo bem simples, que mulher trans é aquela que nasceu com corpo masculino e homem trans é aquele que nasceu com corpo feminino.

Já Vadão Ramos Jara, foi o primeiro a preencher o formulário solicitando a Carteira de Nome Social em Corumbá. Homem trans, ele explicou que só o fato de ter feito a solicitação já lhe trouxe felicidade. “Fiz o cadastro e agora a expectativa é pegar a carteirinha. Já tá fazendo, estou feliz, falei para minhas amigas todas. É um sonho realizado. Eu não gostava do meu nome verdadeiro. Agora vai trazer mais respeito à pessoa que eu sou mesmo, que eu me sinto ser”, enfatizou a este Diário.

“Ficava com vergonha de mostrar minha identidade. Não tem nada a ver com mulher, vai falar Vanusa, vai procurar Vanusa não acha. Sou um homem trans. Enfrentei muito preconceito. As pessoas ficam olhando, falando, questionando é homem? É mulher? Agora não, a pessoa vai me chamar pelo meu nome mesmo, Vadão. Antes, falavam 'Vanusa' eu ficava procurando, olhava, ficava estranho, agora vai ficar melhor”, finalizou.

Vadão Ramos disse que a simples solicitação da carteira já mudou sua vida

A coordenadora do Centrho, Neuza Araújo Silva Lima, esclareceu que a Carteira tem validade somente no estado do Mato Grosso do Sul e não anula o RG e o CPF do registro civil. “Muitas vezes ocorre que a pessoa é travesti ou homossexual e vai a uma repartição pública vestida de mulher e é chamada por nome de homem, pelo nome do registro civil. Quando tem a carteirinha, pode apresentar que não cita o nome do registro civil, não corre o risco de olhar o primeiro nome. Entregamos também o cartão SUS com nome social e ambos remetem aos documentos  pessoais, trazem os números do CPF e RG.

As carteiras solicitadas em Corumbá devem ficar prontas em duas semanas. “Levamos para a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, vira um processo, a nossa advogada dá parecer e mandamos para a secretária, que assina uma por uma. A última leva foi entregue após 15 dias”, completou. Até agora já foram entregues 75 Carteiras de Nome Social em Mato Grosso do Sul.

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