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Exame de segundo paciente que faleceu no CTI deu negativo para H1N1

Caline Galvão em 04 de Fevereiro de 2016

Oderlei Ribeiro dos Santos, segundo paciente que morreu com suspeita de H1N1, não faleceu por causa do vírus. Ele estava internado no CTI do Hospital de Corumbá e morreu na segunda-feira, 1º de fevereiro. O exame necroscópico analisou as vísceras do paciente e deu negativo para a Gripe A. O médico Domingos Albaneze, diretor-técnico da Santa Casa, sugere a possibilidade de o paciente ter sido vítima de hantavírus ou leptospirose. O hantavírus tem os mesmos sintomas que o H1N1 e o problema respiratório que a doença gera é bastante severo. No entanto, ainda há necessidade de novos exames para detectar se realmente a causa da morte do paciente foi essa doença.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (04), a secretária municipal de Saúde, Dinaci Ranzi, o coordenador da urgência e emergência, Emerson Moreira, e o diretor-técnico da Santa Casa, Domingos Albaneze, esclareceram à imprensa os casos relacionados ao H1N1, a Gripe A, que estão sendo notificados pelo município. Até agora, há 16 notificações para a doença e uma confirmação. O falecimento de uma terceira pessoa no final da tarde de quarta-feira (03), uma mulher que estava também com quadro infeccioso pulmonar, está sendo investigado.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Secretária de Saúde Dinaci Ranzi, médicos Emerson Moreira e Domingos Albaneze, esclareceram quadro do H1N1 em Corumbá

“A cada dia, temos observado alguns casos novos. Temos observado quadros agudos de insuficiência respiratória e o quadro de pneumonia. A causa dessa pneumonia é basicamente bacteriana, que pode ter o início de um quadro viral. Esse quadro viral, nós só temos uma confirmação de um caso apenas, que deu positivo para H1N1. Os outros casos, ou deram negativos ou estão ainda em andamento. Todos os óbitos que ocorreram estão sendo investigados, tanto clinicamente, como foi feita coleta do material pós-morte. Todos os casos possíveis estão sendo avaliados juntamente com uma infectologista, Márcia Dal Fabbro, que está acompanhando com a gente esses casos”, esclareceu o médico Emerson Moreira.

As famílias das duas pessoas que faleceram, o policial aposentado Ismar Mosciaro Gomes, de 53 anos, e Oderlei Ribeiro dos Santos, de 37 anos, reclamaram que os pacientes foram atendidos e posteriormente liberados pelos médicos, apenas sendo internados quando o quadro infeccioso já estava avançado. O diretor-técnico da Santa Casa,  explicou que isso ocorreu não por erro médico, mas por uma peculiaridade da própria doença.

“Esse é o grande fator complicador dessa patologia. É que nós temos uma doença de evolução agressiva. O paciente começa com sintomatologia de gripe ou virose, evoluindo normalmente e em algum momento, essa patologia cria uma agressividade intensa e em 24 horas muda de um quadro benigno para um quadro extremamente grave”, afirmou Domingos Albaneze.

“Eu atendi um caso desses na terça-feira, uma paciente com quadro de prostração e febre. Analisei o pulmão que estava limpo; pedi exame de sangue e urina. O exame de sangue veio como quadro infeccioso de leve para moderado. Ela não tinha tosse, coriza, não tinha nada. Como deu quadro infeccioso no exame de sangue, mas no exame de urina deu normal e ela não tinha diarreia, nem nada, pedi um raio-x de tórax no dia seguinte. Doze horas depois, pela manhã, ela já tinha pneumonia nos dois pulmões. Esse é o grande problema dessa doença, é a evolução rápida”, continuou o médico.

Os médicos esclareceram que todos os pacientes notificados, mesmo sem a confirmação para H1N1, já estão sendo tratados como se estivessem com a doença, ou seja, estão sendo medicados com o Tamiflu, medicamento indicado para tratar o vírus H1N1. O Tamiflu é ministrado até 72 horas depois do início dos sintomas de quadro infeccioso pulmonar. O medicamento tem indicação restrita, não pode ser ministrado sem orientação médica, principalmente para que não perca efeito.

A secretária de Saúde, Dinaci Ranzi, afirmou que as vacinas para todos os pacientes do grupo de risco, com doenças crônicas, gestantes, crianças e idosos já acabaram no município e espera apenas pelo Ministério da Saúde que vai liberar novas vacinas somente em maio. A secretária afirmou que essas vacinas já foram solicitadas desde dezembro, mas elas não são fabricadas antecipadamente porque é feito um estudo sobre o tipo da gripe que circulou no ano para poder fabricar a vacina do ano seguinte. O dia “D” da vacinação contra o H1N1 será em 07 de maio.

Ela esclareceu ainda que as doses distribuídas nas feiras livres no último final de semana são do lote 2015 e foram destinadas apenas às pessoas que não haviam sido imunizadas no ano passado, principalmente feirantes. “Pacientes que tinham qualquer doença de base foram vacinados em 2015. Os que não foram, usamos a vacina que tínhamos em estoque", afirmou.

Corumbá está em alerta, mas não com epidemia

O médico Emerson Moreira afirmou que o estado de alerta já existe em Corumbá, com relação à Gripe A, mas não pode ser chamado de epidemia pelo fato de ter sido confirmado  um paciente com H1N1. O médico Domingos Albaneze afirmou que como o resultado dos exames não está dando positivo para alguns pacientes, a equipe médica está estudando a possibilidade de outras doenças, como o hantavírus e a leptospirose, doenças provocadas por urina e fezes de rato. As duas doenças têm sintomas semelhantes ao H1N1.

Pode-se contrair a doença através de água de chuva contaminada, encostar na água contaminada e inalar esses dejetos. Quando o rato urina e essa urina seca, há o perigo de a pessoa inalar aquilo e contrair o hantavírus. Respirar o ar de locais fechados há muito tempo, se um rato tiver passado no local e urinado, a pessoa que respirou aquele ar pode também ser infectada.

Dinaci Ranzi, secretária municipal de Saúde, afirmou que uma equipe técnica do EPISUS, que é um grupo de pesquisa para apoiar médicos, virá para Corumbá. Esses pesquisadores vêm de Campo Grande e devem chegar ainda essa semana, junto com a infectologista Márcia Dal Fabbro, que está acompanhando os médicos que estão oferecendo atendimento aos pacientes. Esse grupo é orientando pelo próprio Ministério da Saúde. “Eles fazem a coleta do material e remetem ao Ministério da Saúde para análise para fim epidemiológico e orientação a futuros tratamentos”, explicou Dinaci.

A Santa Casa está com uma sala reservada para pacientes com suspeita de H1N1, recomendação do Ministério da Saúde. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), também será separada uma sala para a mesma finalidade. Corumbá conta com quatro médicos trabalhando 24 horas, um na UPA, dois no pronto-socorro e um na Santa Casa. O coordenador da urgência e emergência, Emerson Moreira, que coordena o pronto-socorro, explicou que em caso de lotação, pacientes podem ser encaminhados à UPA.

A principal orientação do Ministério da Saúde é evitar compartilhar copos, toalhas, materiais de higiene pessoal, latas de bebidas e o próprio tereré. Lavar bem as mãos, usar álcool em gel, arejar bem a casa e mantê-la sempre limpa, são importantes.