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Corumbá inicia campanha pelo fim da violência contra as mulheres

Camila Cavalcante em 27 de Novembro de 2015

Fotos: Ricardo Albertoni/ Diário Corumbaense

Campanha contará com palestra, panfletagem e abordagem direta de mulheres em feiras livres

Lançada em Corumbá nesta sexta-feira (27), a campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, no auditório da Delegacia de Polícia Civil de Corumbá. O evento é coordenado pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania em parceria com a  Rede de Atendimento à Mulher.

“O lugar que as mulheres ocupam hoje é consequência de um grande avanço, pois até  algum atrás, as mulheres nem direito a voto tinham e hoje, elas ocupam cargos de extrema importância e competência em nossa sociedade. Mas, ainda existem várias formas de discriminação e violência e precisamos combater isso. Atualmente, temos cerca de 135 mulheres sendo atendidas mensalmente pelo Centro de Referência à Mulher em Situação de Violência, que passaram por dificuldades muito grandes e percebemos que a violência está em todos os níveis sociais. Nosso trabalho essencial de combate à violência está na base, que é educar, e estamos educando nossos jovens para que não cresçam pensando que bater, que agredir, é algo normal”, disse o prefeito Paulo Duarte na abertura da campanha.

Campanha de combate à violência contra as mulheres ocorre em 150 países

A campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres é internacional. Em Corumbá, serão realizadas as seguintes atividades: dia 1º de dezembro, roda de conversa sobre a feminização da aids, às 14 horas, na Casa dos Conselhos ; dia 03, Projeto Alma Viva, conversa direta com as mulheres sobre diversas questões de violência, às 09 horas, no presídio feminino; no dia 04 haverá panfletagem da campanha  na feira livre e no dia 10,  haverá oficina Fanzine sobre o tráfico de pessoas às 14 horas na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Porto Geral.

“ Esse é um movimento que começa dia 25 de novembro em mais de 150 países, para que conversemos com a sociedade, com gestores, no sentido de dialogar sobre quais as políticas públicas que podemos criar para preservar a vida dessas mulheres. Esse é o momento para discutirmos a violência doméstica, a sexual, tráfico de pessoas, violência no trânsito, enfim, discutirmos vários temas que impactam a vida das mulheres de uma forma agressiva”, afirmou Cristiane Sant'Anna de Oliveira, gerente de Políticas Públicas para a Mulher.

Denúncias

De acordo com a delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Corumbá, Paula Ribeiro dos Santos Oruê, a cidade tem registrado um aumento significativo de mulheres que denunciam diversos tipos de agressão. Ela aponta que esse fato é considerado positivo, pois confirma que a cada dia, mais mulheres têm ciência de que é necessário denunciar, e não se calar.

 “Estou há mais de um ano à frente da Delegacia de Atendimento à Mulher e neste período percebi  que aumentou o número de registros e atribuo isso ao aumento da coragem da mulher  em denunciar os fatos e não do aumento dos casos em si. A mulher está cada vez mais encorajada a não sofrer mais as agressões caladas. Estamos recebendo muitas denúncias através do 180, 190 e na própria delegacia. Isso demonstra que nosso trabalho está tendo efeito. Trabalhar a campanha dos 16 dias de ativismo é buscar  conscientizar cada vez mais as vítimas de agressão. A Lei Maria da Penha existe, embora algumas pessoas insistam em dizer ao contrário, ela trouxe um avanço na proteção às vítimas. Reforço que as vítimas devem denunciar qualquer tipo de agressão e as portas da Delegacia da Mulher estão sempre abertas em horário comercial, porém, caso as ocorrências sejam fora do plantão, como à noite, feriados e finais de semana, elas devem procurar a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá, pois a polícia trabalha 24 horas para coibir a violência doméstica”, afirmou a delegada ao Diário Corumbaense.

Defensora pública, Graziele Carra, reforçou que aumento de denúncias de agressões significa empoderamento das mulheres

Já  a defensora pública, Graziele Carra Dias Ocáriz, que também é diretora do Núcleo de Defesa das Mulheres de Mato Grosso do Sul e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, reforçou que em todo o Mato Grosso do Sul, houve um crescimento de denúncias de mulheres que deixaram de se calar ao serem vítimas de violência.

“Essa mobilização que ocorre nestes 16 dias de ativismo, para todas as mulheres, em todas as esferas e idades, é de extrema importância,  pois elas passam a saber quais são seus direitos ao terem que sair de casa, quais os locais onde podem buscar auxílio, quais os locais de denúncias e de socorro, ou seja, esses dias acabam por 'empoderar' as mulheres, para que elas se livrem da violência que vêm sofrendo em seus lares, em suas vidas. Desde 2006, com a promulgação da lei Maria da Penha, houve um aumento enorme nas denúncias,  o que significa que as mulheres hoje buscam seus direitos, e é claro, que o apoio de campanhas como esta que demos início é fundamental”, afirmou.