PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Greve: clientes não conseguem sacar dinheiro em caixas eletrônicos

Caline Galvão em 06 de Outubro de 2015

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Clientes reclamam que caixas eletrônicos não estão sendo abastecidos e não conseguem sacar dinheiro

A greve dos bancários, iniciada em todo o País nesta terça-feira (06), está afetando a vida de muitos clientes. Sem previsão para retornar às suas atividades, as agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica em Corumbá estão repletas de cartazes confirmando a paralisação, no entanto, bancários de instituições privadas ainda não aderiram à greve. Clientes reclamaram que caixas eletrônicos não estavam abastecidos e que não conseguiram realizar saques. Os bancários reivindicam reajuste salarial, melhores condições de trabalho e maior segurança nas agências.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Corumbá, Agostinho Colombo, explicou ao Diário Corumbaense que a greve se deu principalmente por causa de questões salariais, mas havia garantido que os caixas eletrônicos estariam funcionando plenamente e contando com atendentes. Apenas no interior das agências é que nada iria funcionar. “Nós estamos pedindo 16% de aumento, participação nos lucros, mas o Banco só ofereceu para nós 5,5% de aumento. Aqui em Corumbá, estão fechados os bancos públicos, Caixa Econômica e Banco do Brasil e a partir de quinta-feira, os bancos privados também podem entrar em greve. Os caixas eletrônicos funcionam normalmente, com abertura para depósito e saque, pois vão continuar sendo abastecidos porque é obrigatório por lei isso”, afirmou Agostinho.

Embora o presidente do sindicato tenha assegurado que os caixas eletrônicos iriam funcionar normalmente, diversos clientes do Banco do Brasil não conseguiram realizar saques no final da tarde. Na Caixa Econômica também houve clientes que reclamaram que, logo cedo, por volta das 08h da manhã, não conseguiram fazer saques.

Às 17h30, o trabalhador de serviços gerais Walter Molman tentou sacar seu pagamento na agência do Banco do Brasil da Frei Mariano e saiu sem o dinheiro. “Só tirei o extrato, mas o principal que é tirar o dinheiro não. Eu já tinha passado aqui às 11h, mas estava muito cheio, aí deixei para vir no fim da tarde”, afirmou. Walter, então, foi até a agência da 13 de Junho e lá conseguiu sacar o dinheiro.

A professora Telma Suarez também tentou sacar dinheiro nos caixas eletrônicos do Banco do Brasil, por volta das 17h30, mas não conseguiu em nenhuma das duas  agências. “Eu vim fazer saque, mas infelizmente, eu fui em cada caixa e não tem dinheiro em nenhum deles. Tentei sacar, tentei fazer alguma coisa para ter o mínimo, mas todos os caixas estão indicando que não estão fazendo esse tipo de transação”, afirmou Telma a este Diário. Logo em seguida, ela se dirigiu à agência da 13 de Junho e, ainda assim, não conseguiu realizar o saque. Apenas alguns caixas eletrônicos estavam abastecidos.

Telma Suarez desistiu de tentar sacar dinheiro depois de ter passado nas duas agências do Banco do Brasil sem sucesso

Logo pela manhã, o servidor público Virgínio Maciel não conseguiu realizar depósito no caixa eletrônico na agência da Caixa Econômica. “Fui efetuar depósito no caixa eletrônico, mas isso depende de ter o envelope, só que eles não estavam disponibilizando os envelopes. Não faço ideia do que vai acontecer porque é impossível, pois sem envelope não tem como depositar”, comentou Virgínio.

O garçom Márcio de Souza estava na Caixa Econômica por volta das 10h30 esperando por sua esposa para realizar um atendimento, mas descobriu que não seria possível. “Eu vim para cá e minha esposa também está vindo para retirar um dinheiro, mas como está em greve, não vamos poder fazer isso. Essa greve pode nos prejudicar muito porque temos muitas contas em atraso, tenho que pagar aluguel também e isso atrasa tudo. Esse serviço não tem como fazer pelo caixa eletrônico”, afirmou.

A contadora Daniele dos Santos tentou abrir uma conta na Caixa, mas saiu do banco sem conseguir. “Eu vim fazer uma abertura de conta de pessoa jurídica e não deixaram nem eu entrar para conversar com o gerente, para saber qual a documentação. Eu acho que isso vai complicar não só a mim, mas a todos que estão aqui na porta tentando resolver os seus problemas e não conseguem”, afirmou.

Procurado novamente pela reportagem, o presidente do Sindicato dos Bancários de Corumbá, Agostinho Colombo, disse que a responsabilidade pelo abastecimento dos caixas automáticos é dos bancos.

Já a diretora-presidente da Fundação Procon, Andréa Ulle, afirmou que o órgão recebeu denúncias de clientes e constatou, durante visita às duas agências do Banco do Brasil, que os caixas da América com a Frei Mariano estavam funcionando apenas para consultas, transferências, pagamentos e depósitos. Já na agência da 13 de Junho, alguns caixas também não ofereciam a opção de saque.

“Vamos abrir um novo procedimento administrativo contra o Banco do Brasil. Já existe uma liminar que o Ministério Público conseguiu por meio de ação civil que obriga o banco a manter os caixas automáticos abastecidos sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 10 mil por dia. Vamos entregar à Promotoria de Justiça o relatório de visitas e informar sobre as providências que estamos tomando, reforçando a ação do Ministério Público”, disse Andréa. 

Reivindicações dos bancários

Segundo a Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB), ao qual o Sindicato dos Bancários de Corumbá é filiado, os 23 sindicatos da base da Federação realizaram assembleia no dia 1º de outubro, quando foi decidido pela rejeição da proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A Fenaban propôs reajuste salarial de 5,5%, valor abaixo da inflação de 9,88%, o que representaria perda de 4% aos bancários e mais abono de R$ 2,5 mil, considerado um retrocesso, pela FEEB.

Os bancários em todo o País reivindicam, além do reajuste salarial de 16%, incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real, o piso de R$ 3.299,66; Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) de três salários mais R$ 7.246,82; vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá de R$ 788,88 ao mês para cada. Além disso, querem melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários e o fim das demissões, além de mais contratações. Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) também é requerido para todos os bancários, como também auxílio educação para pagamento de graduação e pós-graduação.

Os bancários reivindicam ainda maior prevenção contra assaltos e sequestros com permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas e abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários também são solicitações.

PUBLICIDADE