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Professores em greve não têm posicionamento do governo há três semanas

Caline Galvão em 19 de Agosto de 2015

Professores e técnicos administrativos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) prosseguem com a greve nacional que já ultrapassou os dois meses. Há três semanas sem posicionamento do Governo Federal, os grevistas continuam de braços cruzados em todo o País. No entanto, no último dia 14, o Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul emitiu nota informando que o órgão fez pedido em caráter liminar à Justiça Federal para que a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ADUFMS) retome as aulas, a fim de garantir a colação de grau dos acadêmicos.

A vice-presidente da ADUFMS (Associações dos Docentes da UFMS), Mariuza Guimarães, afirmou ao Diário Corumbaense que o sindicato ainda não sabe exatamente o conteúdo da ação proposta pelo MPF-MS e que aguarda notificação oficial para poder se posicionar quanto ao assunto. “Em princípio, o que nós discutimos é que, sem saber exatamente qual é o teor da ação, não podemos responder”, frisou.

Segundo a assessoria de comunicação do MPF/MS, o pedido feito à Justiça Federal quer que a formação dos estudantes que estão finalizando suas graduações em 2015 seja garantida, a fim de que eles possam ingressar no mercado de trabalho e tomar posse em cargos públicos. O objetivo do pedido da liminar é assegurar as aulas dos acadêmicos que estão no último ano da graduação.

O pedido também é para que a UFMS mantenha, ao menos, 30% de seus professores em exercício e que o Sindicato dos Trabalhadores de Instituições Federais de Ensino do Estado de Mato Grosso do Sul (Sista-MS) dê prosseguimento às atividades técnico-administrativas imprescindíveis para que as aulas sejam realizadas; as notas de avaliação lançadas e os processos de conclusão de curso possam ter andamento. E que o Sistema Acadêmico (Siscad) esteja funcionando para lançamento de notas e presenças. 

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Greve prossegue e Governo Federal tem até dia 31 para apresentar lei orçamentária ao Congresso

Campus do Pantanal

No campus de Corumbá, os docentes aderiram oficialmente à paralisação no dia 23 de junho. Segundo informado pelo diretor do campus, Edgar Aparecido da Costa, pelo calendário oficial, as atividades do semestre deveriam ser encerradas dia 11 de julho, ou seja, pouco depois do início da greve, o que certamente causou frustração em alguns acadêmicos que estão muito próximos de colar grau. Ele esclareceu que as notas emitidas entre os dias 15 e 22 de junho ainda puderam ser lançadas no sistema, que foi completamente paralisado no dia 23.

“Provavelmente essa ação do Ministério Público Federal se deve em relação a algum descontentamento de acadêmicos que estão muito próximos de formar, em poucos dias estariam concluindo suas atividades, e também até mesmo de alguns professores que não concordaram com a decisão de suspensão do calendário acadêmico, tinham toda uma programação de atividade e não eram favoráveis à greve”, pondera o diretor Edgar Aparecido da Costa.

Ele ressalta que o movimento grevista é legítimo, mas afirmou que a posição da direção é a posição da UFMS. A direção do campus assumirá aquilo que a reitoriapedir. “Se for solicitado que a gente coloque a estrutura do campus em funcionamento para atendimento dessa liminar, certamente estaremos colocando e entrando em contato com a ADUFMS para que ela saiba dessa decisão e se pronuncie porque a Universidade tem muito respeito pela liberdade de expressão, muito respeito por aquilo que a Justiça nos concede, aquilo que ela diz que a gente tem que fazer, até então nunca houve insubordinação com relação a alguma decisão da Justiça”, afirmou o diretor.

O coordenador do curso de Matemática, Gilberto Rodrigues dos Santos, entende a importância que tem esse pedido à Justiça para benefício dos alunos, mas acredita que a greve também é um direito. “Acredito que seria muito importante para os alunos o direito de colar grau, mas a greve também é direito da categoria. Infelizmente, com a paralisação surgem inevitáveis consequências”, frisou. 

Segundo o coordenador, os alunos de Matemática ainda não estão sendo tão prejudicados. A situação para os estudantes desse curso só se agravaria se o calendário acadêmico não puder ser concluído em 2015. “Quando a gente retornar com as aulas, vamos tentar minimizar os prejuízos dos alunos, mas talvez nem todos os prejuízos a gente consiga”, ponderou.

Negociações com o Governo Federal

A vice-presidente da ADUFMS, Mariuza Guimarães, informou que há três semanas os grevistas não têm nenhuma reunião com o Governo Federal. “Apresentamos uma contraproposta de 19,7% para 2016, mas até o momento o Governo não se manifestou”, afirmou. Ela explicou que o Governo Federal tem até o dia 31 de agosto para enviar a lei orçamentária ao Congresso. Se até o dia 31 o Governo não der uma posição, então os grevistas vão atuar junto ao Congresso Nacional.Segundo Mariuza, “quem decide o final da greve é a categoria”.

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Nível Superior (ANDES) prepara manifestações em Brasília nos dias 27 e 28 de agosto. O objetivo é pressionar o ministro da Educação, Janine Ribeiro, a negociar com a categoria que entra nos 80 dias de greve. A paralisação nacional foi deflagrada no dia 28 de maio e no decorrer dos dias teve adesão gradativa das Universidades Federais.

Até o momento, a greve conta com 48 seções sindicais envolvidas, “na luta pela reversão dos cortes no orçamento da educação federal, em defesa do caráter público da universidade, por melhores condições de trabalho, garantia de autonomia nas Instituições Federais de Ensino, reestruturação da carreira e valorização de ativos e aposentados”, como informa o último boletim do sindicato.

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