Curso de teatro gratuito ainda tem vagas abertas em Corumbá

A escola Tenir está promovendo curso de teatro totalmente gratuito nas noites de terças e quintas. Ministrado pelo professor Salim Haqzan, o curso tem duração de seis meses e faz parte de um projeto da instituição que visa oferecer oportunidades artísticas e de aprendizado para maiores de 35 anos. As aulas já começaram, mas ainda há vagas abertas e as inscrições podem ser feitas das 13h às 21h, diretamente no colégio.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Curso de teatro oferece técnicas de respiração, concentração e alongamento; em torno de 60% das vagas é para maiores de 35 anos

Durante as aulas são aplicadas diversas técnicas de respiração e alongamento. Os participantes fazem ioga das 18h30 às 19h20, e das 19h30 às 20h30 funciona o curso de teatro. Os 50 minutos de ioga surgiram da necessidade de os próprios alunos, que chegavam, muitas vezes, ansiosos e tímidos. A ioga fez os alunos se concentrarem mais nas aulas, relaxarem, melhorarem os movimentos, além de perderem a timidez.

“Algumas pessoas quando pensam em teatro têm muito medo porque, ao mesmo tempo em que elas têm vontade de aparecer, têm muito medo de se expor em público. Então, assim, nós temos vários exercícios e várias técnicas aplicadas e também é interessante lembrar que teatro não é só para estar lá em cima falando texto, o teatro não é só o ator. O teatro é o diretor, o escritor, o cenógrafo, é o figurinista, o iluminador”, contou o professor Salim Haqzan.

Salim afirma que são poucos os empresários no Mato Grosso do Sul que têm a visão de beneficiar a arte através do apoio a iniciativas como essa. “São poucas pessoas que compreendem que o dinheiro que você faz voltar para a sociedade é o dinheiro que você pode abater dos impostos, então você não tira do seu bolso, você simplesmente muda o caminho e investe na arte”, explicou ao Diário Corumbaense. Ele acredita que se os empresários investissem mais em arte, daqui a alguns anos a qualidade de vida dos corumbaenses “melhoraria absurdamente”.  Haqzan afirma que se esse tipo de apoio fosse maior, os artistas não precisariam mais apelar sempre para o dinheiro público.

O Tenir tem apoiado projetos para maiores de 35 anos por perceber que em Corumbá não há muitas opções de diversão e instrução em algumas áreas para essa faixa etária. Há três anos, o colégio montou curso de informática para idosos, totalmente gratuito, inclusive com apostilas. A instituição também apoiou o ensino do xadrez, voltado para estudantes das escolas públicas. “E agora o Salim fez essa proposta para nós e abraçamos a ideia, mas queríamos que a proposta fosse para maiores de 35 anos, mas nada impede que alguém mais jovem faça o curso”, afirmou Carlos Faria, gestor da instituição. Ele explicou que pelo menos 60% das vagas do curso de teatro é para maiores de 35 anos.

Para o professor Salim Haqzan, os empresários do Mato Grosso do Sul deveriam investir mais na cultura

“A escola já recebeu tanto, de muitas dessas pessoas que colocaram seus filhos, depois os netos, então a escola tem agora como retribuir de uma maneira que possa
ajudá-los de alguma forma”, comentou Carlos Faria. A escola financia totalmente os projetos sociais, apenas solicita auxílio das Prefeituras de Corumbá e Ladário para que enviemos projetos da escola às pessoas dos grupos da melhor idade.

Aos 57 anos, o profissional de vendas Antônio Ribamar de Castro resolveu fazer o curso por mais de uma razão. “Uma delas é que eu sempre tive inclinação para representar e nunca tinha feito curso, então vi uma oportunidade de me realizar com relação a isso, além disso, tem o lado social, uma forma de a gente estar se descontraindo”.

Rutt Arruda, funcionária municipal, achou o conteúdo do curso muito interessante e resolveu fazer.  “Eu achei uma excelente oportunidade aqui na cidade. Estou gostando muito, é um grande aprendizado porque envolve muitas outras coisas, até técnicas de ioga e muitos exercícios”, afirmou.

O autônomo César Rodrigues Varanis, de 23 anos, retornou a Corumbá e logo ingressou no curso de teatro. “Eu tinha muita curiosidade e eu retornei para Corumbá depois de quatro anos e surgiu essa oportunidade esse ano, uma amiga conversou comigo e resolvi entrar”, explicou. “Eles trabalham muito com a comunicação e eu sou uma pessoa meio tímida e a comunicação ajuda muito a gente a se soltar mais, os exercícios de interagir um com o outro, além dos exercícios de alongamento”, comentou.