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Associação vai às escolas para levar informações sobre anemia falciforme

Objetivo é dar auxílio aos alunos que necessitam de maior "compreensão" na rotina escolar

Camila Cavalcante em 02 de Julho de 2015

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Associação visitará escolas que possuem alunos com Anemia Falciforme para uma conversa aberta

A Associação Corumbaense de Pessoas com Doenças Falciforme (ACODFAL), em parceria com a Secretaria de Educação do Município, está promovendo neste ano, visitas às escolas onde há crianças em tratamento da anemia falciforme. A iniciativa busca dar auxílio aos alunos que necessitam de maior “compreensão” na rotina escolar devido à doença.

O primeiro encontro foi na Escola Municipal Djalma Mendes de Sampaio. Os professores se reuniram na última semana, para um diálogo aberto com os representantes da Associação. A conversa envolveu o diagnóstico da anemia, a dificuldade de tratamento local e a necessidade de apoio às crianças portadoras da doença.

“Este é o primeiro ano de parceria e temos o objetivo de conscientizar a população sobre essa doença e as necessidades especiais das crianças em sua vida escolar, em toda a rede municipal”, explicou ao Diário Corumbaense, Davi Rosário, representante da ACODFAL.

As crianças que têm anemia falciforme acabam faltando constantemente às aulas por motivos de internações, de crises, de dores intensas, o que implica no atendimento escolar. “A escola deve ser parceria e dar um suporte diferenciado de aprendizado, então, cabe a cada escola atender de maneira diferenciada esse aluno, mas sempre integrando-o ao ambiente de ensino, isso requer uma compreensão da gestão escolar e é sobre isso que debatemos”, apontou.

Além das internações, os pacientes com anemia falciforme de Corumbá, se deslocam constantemente para Campo Grande, para consultas com hematologistas, já que na cidade, não há esse especialista. “Em Mato Grosso do Sul, temos em torno de 15 hematologistas, é um número pequeno e é difícil ter um clínico destes na cidade, então, os pacientes acabam se deslocando para Campo Grande, que é a cidade mais próxima. A média de visitas ao especialista varia, podendo ser mensalmente, ou de dois em dois meses. Isso para as crianças, implica em grande número de faltas, fora se considerarmos os períodos de internações por crises, os dias que ficam em casa com dor”, atentou Davi Rosário.

De acordo com ele, atualmente, há em Corumbá, 250 pessoas que apresentam traços da doença (pessoas que tem o gene, mas não desenvolvem a doença) e 07 pessoas com a doença detectada, conforme levantamento da Secretaria Municipal de Saúde repassado à associação.

A diretora da Escola Djalma Sampaio, Verônica de Chaparro Lucena, disse que parcerias para o desenvolvimento escolar das crianças são sempre bem-vindas e que só tem a contribuir com o trabalho dos docentes. “Essa visita é de importância para a escola, pois temos um aluno do 5º ano que tem a doença e a conversa nos ajuda a entender a rotina dessa criança e a debater de que forma podemos apoiá-la. A escola é aberta a toda forma de contribuição para o desenvolvimento escolar e auxílio na prática educacional dos docentes”, frisou a este Diário.

A professora Lorena Marongoltia, afirmou que já havia pesquisado sobre a doença, pois seus filhos têm descendência africana e isso a preocupava. “Quando meus filhos nasceram, pesquisei sobre a doença e eles não possuem o gene. Quando tive a notícia de que trabalharia com uma criança com a anemia falciforme foi tranquilo. Sabia que ele teria faltas, necessidade de beber água, de ir ao banheiro, foi uma situação natural. Temos que ter uma interação com a família, para que aqui na escola, possamos dar um suporte à criança que enfrenta a doença”, afirmou.

A ACODFAL informa que qualquer suporte pode ser obtido pelo telefone 67 9631-4792 ou no grupo do Facebook: ACODFAL – Associação Corumbaense de Pessoas com Doenças Falciformes. As reuniões do grupo acontecem sempre no primeiro sábado do mês, as 15h, na Sede do Cordão de Ouro (Rua Treze de Junho, 682, Centro).

Davi é presidente da ACODFAL e destaca que é necessário parceria entre escola e família para desenvolvimento da criança

Saiba mais sobre a doença

Anemia falciforme é uma doença hereditária (passa dos pais para os filhos) caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo. Essa condição é mais comum em indivíduos da raça negra. No Brasil, representam cerca de 8% dos negros, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda.

A anemia falciforme pode se manifestar de forma diferente em cada indivíduo. Uns têm apenas alguns sintomas leves, outros apresentam um ou mais sinais. Os sintomas geralmente aparecem na segunda metade do primeiro ano de vida da criança.

Crise de dor: é o sintoma mais frequente da doença falciforme causado pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice. A dor é mais frequente nos ossos e nas articulações, podendo, porém atingir qualquer parte do corpo. Icterícia (cor amarela nos olhos e pele): é o sinal mais frequente da doença. O quadro não é contagioso e não deve ser confundido com hepatite.

Síndrome mão-pé: nas crianças pequenas as crises de dor podem ocorrer nos pequenos vasos sanguíneos das mãos e dos pés, causando inchaço, dor e vermelhidão no local;

Infecções: as pessoas com doença falciforme têm maior propensão a infecções e, principalmente as crianças podem ter mais pneumonias e meningites.

Úlcera (ferida) de Perna: ocorre mais frequentemente próximo aos tornozelos, a partir da adolescência.

Sequestro do Sangue no Baço: o baço é o órgão que filtra o sangue. Em crianças com anemia falciforme, o baço pode aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à morte por falta de sangue para os outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da doença que envolve risco de vida e exige tratamento emergencial. Com informações do site Minha Vida.

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