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Corumbá realiza atividades de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual

Camila Cavalcante em 18 de Maio de 2015

Neste dia 18 de maio é celebrado o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data se refere a um crime bárbaro ocorrido no Brasil contra uma menina chamada Araceli, que aos oito anos foi brutalmente espancada, violentada sexualmente e assassinada no estado de Espírito Santo.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

CREAS realizou palestra a alunos do Centro de Apoio Infanto Juvenil (CAIJ)

Em Corumbá, a campanha de enfrentamento iniciou no dia 08 de maio.  Por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania, com apoio de parceiros, foram realizadas  palestras, encontros, debates, missa em ação de graças e blitz em alguns pontos estratégicos. Escolas públicas e privadas, comércio local e vias públicas foram os alvos da campanha.

“Somos uma cidade de fronteira e há um grande fluxo de turistas na região, de entrada e saída com facilidade de nossa cidade e isso torna nossos  jovens suscetíveis a situações de violência e abuso. Cerca de 9 instituições de ensino receberam atividades voltadas à data, bem como restaurantes, hoteis e lojas”, explicou ao Diário Corumbaense, Regiane Pádua Pimenta Costa, coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), órgão que realiza o atendimento de casos de abuso e de exploração sexual de crianças e adolescentes.

De acordo com a coordenadora, o número de atendimentos nos últimos tempos é preocupante. Em 2014, o Creas atendeu 93 casos de violência sexual, sendo 85 de abuso sexual e oito de exploração sexual. Este ano, de janeiro a maio, já são 31 casos, 26 de abuso e cinco de exploração sexual.

“Já realizamos atendimentos de diversas faixas etárias. A menor que me recordo foi uma criança de 2 anos, vítima de abuso sexual. Mas a maior indecência é na  faixa etária de 10 a 15 anos. Vale ressaltar que os meninos também são vítimas de abuso e de exploração sexual. O problema é que eles encontram uma maior dificuldade para denunciar e até para relatar a alguém o que está passando. No Creas, realizamos o atendimento psicossocial, da criança e do adolescente que sofreu a violência, bem como de toda a sua família, pois é uma agressão que se estende e todos necessitam de apoio”, frisou Regiane.

Uma das palestras, ocorreu na manhã desta segunda-feira na sede do Centro de Apoio Infanto Juvenil (CAIJ), no bairro Cristo Redentor. Foi repassado às crianças que elas devem denunciar caso sofram algum abuso ou exploração. Os maiores índices envolvem aliciadores e abusadores que pertencem ao ciclo de confiança dos menores de idade.

Antes desta palestra, a instituição já havia realizado um trabalho de prevenção, como explicou a psicóloga Suellen Jard. “O CAIJ possui atividades de âmbito social, além da educadora. Na semana passada, começamos a conversar com nossos alunos sobre o caso da Araceli, a menina que foi brutalmente assassinada após uma série de abusos. Além disso, temos encontros, oficinas e integração para trabalharmos a prevenção desses fatos. Aqui precisamos realizar este trabalho porque nossas crianças moram em uma região que oferece perigos, a exposição aos abusos e crimes diversos”, afirmou a este Diário.

A aluna Ângela Vasques, de 16 anos, afirmou que após participar de oficinas, mudou algumas atitudes. “Já participei de vários encontros com esse tema e diante da situação que vivemos, o que pudermos fazer para prevenir é essencial. A região do Cristo Redentor oferece muitos riscos, não somente de abuso, mas de violência diversa. Passei a ‘policiar’ a roupa com a qual saio de casa e adotei atitudes de maior segurança nas ruas. Ter horários para chegar, sair e manter um bom diálogo em casa foram minhas atitudes. Conversei com colegas e acabamos mudando um pouco a rotina. Todos queremos estar seguros”, afirmou a jovem.

O encerramento da programação acontece nesta terça-feira, dia 19, com uma palestra na Escola Estadual Carlos de Castro Brasil, voltada para adolescentes e jovens da Educação de Jovens e Adultos (EJA),  no período noturno.

Ângela afirmou que após debate, tomou iniciativas de maior segurança na rotina diária

 Rede

Corumbá conta com uma rede de proteção social e de garantia dos direitos das crianças e adolescentes composta pelo Conselho Tutelar; pela Delegacia de Atendimento a Infância, Juventude e Idoso (DAIJI); pelo DANT (Doenças e Agravos não Transmissíveis); pelo Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CMDCA); pela Defensoria Pública; Ministério Público e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, bem como pelo telefone do Conselho Tutelar de Corumbá: 0800 647 4488.

Data 

O Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, foi instituído pela Lei Federal n° 9.970/00, no dia 18de maio. Se trata de uma conquista que demarca a luta pelos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes no país. Esse dia foi escolhido pois em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Crime Araceli”, o nome de uma menina de apenas oito anos de idade, que teve todos os seus direitos humanos violados. Esse crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune. A intenção do 18 de maio é destacar a data para mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar dessa luta.