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Acusado de matar 23 pessoas, ex-prefeito praticava terror para comandar tráfico

Campo Grande News em 05 de Março de 2015

Simão Nogueira

Delegado explicou como foi feito o trabalho para prender o traficante

O ex-prefeito da cidade paraguaia de Ypejhú, Vilmar Neneco Acosta Marques "praticava terror na fronteira e mandava matar sem piedade, tudo para chefiar o narcotráfico na região". A declaração foi feita pelo delegado responsável pelas investigações, Claudineis Galinari, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (05), na DGPC (Delegacia Geral da Polícia Civil), em Campo Grande. Neneco usava documento brasileiro e estava no Brasil há cinco meses. Segundo o jornal ABC Color, o traficante é acusado pelo assassinato de 23 pessoas em seis anos. 

De acordo com o delegado, há um mês, a Polícia do Paraguai pediu ajuda para prender Neneco, considerado o maior traficante internacional de drogas e contrabandista da fronteira. Com mandado de prisão expedido, foram mobilizados vários investigadores das cidades vizinhas de Naviraí para atuar no caso. Depois de levantar informações sobre o paradeiro do ex-prefeito, que estava na região de Dourados, os policiais fizeram campana próximo a casa de um familiar do traficante.

Neneco, que era procurado pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), acabou preso na tarde de quarta-feira (04), em Caarapó, distante 283 quilômetros de Campo Grande. Segundo a polícia, o traficante estava na rua aguardando um parente, que o ajudaria a fugir para o Mato Grosso. “Ele iria para a cidade de Várzea Grande ou para o norte de Mato Grosso”, disse o delegado.

O traficante foi encaminhado para a Polícia Federal, de Naviraí, onde aguarda para ser extraditado para o Paraguai. No momento da prisão, o ex-prefeito usava documento brasileiro com nome de Vilmar Marques Gonzales. A polícia vai instaurar inquérito para apurar a origem da certidão.

Crimes

Neneco era prefeito de Ypejhú e foi expulso do partido após ter sido apontado como mandante da morte do jornalista do veículo paraguaio ABC Color, Pablo Medina, e da mulher que estava com ele em outubro do ano passado. Medina era repórter investigativo e estava fazendo uma série de matérias sobre o envolvimento de políticos no narcotráfico e apontou Neneco com um dos principais traficantes de droga da região. “Infelizmente ele pagou com a vida as denúncias que fazia”, disse Galinari.

Neneco foi preso na tarde de quarta-feira, em Caarapó

Conforme o delegado, o ex-prefeito tocava o terror na divisa de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, inclusive na cidade de Paranhos. “Ele manda matar para controlar o tráfico na região. Ele distribui maconha para o Brasil inteiro”, destacou.

Neneco ainda é apontado como suspeito de ser mandante do atentado que matou três pessoas há quase duas semanas entre o município paraguaio Ypejhú e Paranhos. Um carro foi alvejado com 36 tiros, por ocupantes de uma caminhonete Nissan Frontier. Morreram Gregório López Salinas, 27 anos, marido da vereadora do Paraguai, Elisa Lomaquis, uma mulher e sua filha que passavam pelo local.

O Jornal ABC Color, foi a cidade onde Neneco era prefeito para falar com as pessoas, que deram entrevista, mas não quiseram se identificar. Os moradores contaram que o traficante chegava a roubar gado do povoado e advertia os proprietários que se fosse denunciado já sabia o que os esperavam. O jornal ainda compara o ex-prefeito ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar Gaviria, que em determinado momento da carreira de crime entrou para a política.

Quando Fernandinho Beira-Mar foi preso, começou uma briga entre as famílias que monopolizavam o tráfico de droga na região, como maconha, um dos carros chefe de Neneco. O jornal afirma que Neneco mandou matar, desde 2009, 23 pessoas, entre empregados, caseiros e pessoas envolvidas com o tráfico na região. Na lista também esta o jornalista que fazia denúncias contra o traficante.