No Universitário, moradores criticam ações paliativas da Prefeitura

Em outubro do ano passado, a reportagem do Diário Corumbaense esteve em outro ponto crítico da cidade, o bairro Universitário, que há anos sofre com problemas de buracos e más condições de conservação das vias. O tempo passou e a situação para moradores, motoristas e pedestres continua complicada. “As condições das ruas são precárias, quando chove fica pior ainda. Na época de eleição veio todo mundo aqui dizer que os problemas seriam resolvidos, mas até hoje nada. Eu trabalho em uma empresa terceirizada e por causa disso tenho que rodar a cidade inteira. Já troquei suspensão, coxins, tive muito gasto”, disse o eletricista Thiago Garcia das Neves Pinto, de 27 anos.

Ricardo Albertoni/Diário Corumbaense

Adélio mostra carnê do IPTU que indica que alameda é pavimentada; Gelson faz apelo por meio de cartaz

Com problemas no veículo, a dona de casa Jorcimara Pereira de Souza, de 45 anos, decidiu deixar o carro na garagem por um tempo, devido ao alto valor do conserto. O estrago tem ligação direta com os buracos, afirma. “A barra estabilizadora do meu carro está quebrada, aconteceu ali na esquina e vai me custar de 2 a 3 mil reais. Pago como rua pavimentada o meu IPTU, solicitei a redução por causa das condições da rua, mas não consegui nada. O bairro Universitário é um dos mais esquecidos e acho até que tem questões políticas aí. São verdadeiras crateras nas ruas, a situação aqui é vergonhosa.Vários prefeitos já estiveram no poder e nada foi feito, é descaso e falta de respeito,” disse a moradora mostrando o veículo na garagem.

O militar reformado, Gelson Mario Dick, de 67 anos, conta que este ano realizou coleta de assinaturas de moradores da alameda Almirante Cochrane, uma das vias em piores condições do bairro, porém, nada foi feito. “Nós fizemos um abaixo-assinado e levamos ao conhecimento da Prefeitura as reivindicações, nos prometeram resposta, mas até agora não tivemos retorno, eles fazem a operação tapa buraco no bairro, mas isso não é suficiente, ela é inviável, é uma ação paliativa que dura muito pouco em Corumbá. No bairro, dirigir é impraticável e não só para os condutores. Aqui na Afonso Penna, uma moça vinha com um carrinho de bebê e o carrinho caiu em um buraco. Chega a parecer piada, mas é de muito mau gosto”, frisou.

Adélio Quintino dos Santos Neto, funcionário público estadual, de 39 anos, tenta há muito tempo uma solução para o problema. Diz que frequentemente entra em contato com a Ouvidoria do Município, e sempre lhe informam que serão feitos reparos e as promessas não se concretizaram. “Na última solicitação, me disseram que a alameda seria incluída no projeto de lajotamento, mas até agora nada. Como os moradores não veem a presença da Prefeitura, eles mesmos tentam improvisar entulhos nos buracos, e isso acaba cortando o pneu por causa de pedaços de tijolos e telhas, mas é tudo que podemos fazer. Falta uma melhor aplicação do dinheiro público em infraestrutura, aqui é cheio de buraco, crianças, idosos acabam escorregando e se machucando. Pago meu IPTU como rua pavimentada, não fiz o questionamento pois não chegou ao meu conhecimento que poderia fazê-lo, mas mesmo que chegasse, é tanta burocracia que a gente prefere deixar de lado e esperar que talvez essa pavimentação seja feita algum dia”, lamentou.

Secretário diz que Município trabalha para recuperar vias

A reportagem deste Diário procurou o secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Gerson Mello, para esclarecer quais medidas a Prefeitura irá tomar em relação à recuperação de ruas e aos exemplos citados na matéria. Segundo o secretário, desde o final de novembro, uma operação tapa buracos emergencial vem sendo realizada na área central, corredores viários e linhas de ônibus para melhorar as condições de tráfego. Ele informou que já receberam a ação, 98 quadras da parte norte, abaixo do trilho e na parte sul, acima do trilho, 116 quadras.

Divulgação/PMC

Operação tapa buracos é realizada desde novembro e já passou por 214 quadras, informou secretário

Em relação à rua Gonçalves Dias, no bairro Aeroporto, Gerson Mello disse que a Prefeitura busca recursos federais para fazer o rebaixamento do lençol freático e drenagem para assim canalizar a água das chuvas e em seguida entrar com recapeamento não só da Gonçalves Dias, mas também da Monte Castelo e ruas transversais. O custo dessa obra é estimado em mais de R$ 3 milhões.

A alameda Almirante Cochrane, segundo o secretário, vai receber em janeiro uma manutenção para melhorar as atuais condições da via, que perdeu mais de 80% do pavimento. As ruas Silva Jardim, Afonso Pena e Batista das Neves, também vão receber tapa buracos. Ainda de acordo com o secretário, ruas do bairro Universitário integram projeto de requalificação de vias previsto no PAC 2, terceira etapa. O Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, é realizado em parceria com as prefeituras e a expectativa é que os recursos sejam viabilizados para o segundo semestre.

Gerson Mello enfatizou que este ano 67 quadras, tanto na área central como nos bairros, foram recapeadas e para 2015, numa segunda etapa, ruas com intenso fluxo de veículos, também deverão ser recuperadas.