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Centro de Referência já atendeu mais de mil mulheres vítimas de violência

Da Redação em 03 de Dezembro de 2014

Realizada desde 1991, em 130 países, a Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, busca estabelecer um elo simbólico entre violência contra as mulheres e direitos humanos, enfatizando o fortalecimento da autoestima da mulher e seu encorajamento como condições para romper com as situações de violência.

Não é por acaso que os movimentos feministas e de mulheres escolheram como marco da Campanha o período compreendido entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro. Datas significativas na luta pela erradicação da violência contra as mulheres e garantia dos direitos humanos estão inseridas nestes 16 dias. A campanha começou no dia 25 de novembro (Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres) e se encerra em 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos).

Corumbá conta com o CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência). O programa federal é desenvolvido em várias cidades do País e tem o objetivo de dar apoio psicológico, social  e de orientação às mulheres vítimas de violência. Em 2014, até novembro, foram registrados na cidade mais de 657 boletins de ocorrências envolvendo violência contra a mulher. Mas o CRAM atendeu até o mês de outubro 1.087 mulheres no município dando suporte e apoio psicológico.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

CRAM atendeu até o mês de outubro 1.087 mulheres no município dando suporte e apoio psicológico

“Infelizmente muitas mulheres tem sofrido caladas e quando digo isso, não me refiro apenas a violência física, pois existem várias formas de violência contra a  mulher como a psicológica, moral, sexual. Estamos aqui para ajudá-las a enfrentar isso. Elas chegam com o autoestima muito abalada e nosso objetivo é reanimá-las e mostrar o valor que elas merecem”, disse a psicopedagoga do CRAM, Luene Garcia.

O Centro de Referência funciona na cidade desde 2012 e também oferece reuniões de terapia e orientações. “Vemos muitos casos de violência contra a mulher. E não são só de baixa renda, já lidamos com mulheres com nível superior completo e até pós-graduadas sendo vítimas dos próprios parceiros. Nesses dias de ativismo queremos mostrar, através de palestras e panfletagens,  que a violência pode ser combatida, e que atitudes como a denúncia, são importantes no combate a esse problema”, frisou a coordenadora do CRAM de Corumbá, Rosiene do Espírito Santo.

O CRAM funciona na rua Major Gama, nº 312, Centro de Corumbá. O telefone de contato é o 3907-5432 ou 3907-5479.

Após nove anos, mulher deu um basta às agressões e sofrimento

Nas reuniões do CRAM, mulheres que sofreram violência doméstica se reúnem para contar as histórias de vida. O Diário Corumbaense ouviu o relato de uma delas, que contou o sofrimento que passou nas mãos do marido violento.

“Eu casei muito nova. com 16 anos. No início ia tudo bem, mas depois que meu pai morreu, meu marido começou a achar que era dono de mim, do nada ele começou a mandar e ser bem grosso, a estupidez aumentava a cada dia. É triste, mas nunca me esqueço daquele dia em que eu estava com 17 anos, grávida da minha primeira filha e ele chegou bêbado, me espancou muito, senti muita dor, chorei demais, mas não tinha como pará-lo”, disse a mulher, hoje com pouco mais de 40 anos e cuja identidade é preservada pela reportagem.

Ela viveu nove anos calada e aguentando as agressões do marido. “Quando tive a primeira filha, tive a esperança que com um bebê em casa ele fosse mudar a atitude. Minha mãe, do tempo antigo, falava que era normal homem fazer isso. Mas meu pai nunca fez nada com a gente”, contou ao lembrar que a mãe e a sogra não a apoiavam.

“As agressões continuavam sem parar, mas quando estava grávida da segunda filha, dei um basta, não queria que o bebê que iria nascer passasse por aquilo novamente. A minha filha mais velha tem pavor do pai até hoje. Dei parte na polícia e nunca mais voltei para aquele homem”, lembrou.

Mais de 15 anos após a separação, ele conseguiu se reerguer. “Hoje vejo que não precisamos depender de homem nenhum. E que nós temos o nosso valor. Estou casada novamente e com um homem que me respeita e eu o respeito também. Graças a Deus o meu segundo marido é o oposto do primeiro, me trata muito bem”, concluiu.