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Motoristas que se negam a dar dinheiro são ameaçados e furtados por flanelinhas

Da Redação em 18 de Novembro de 2014

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Pedintes ficam concentrados na área central de Corumbá e se intitulam "cuidadores de carros"

Aumentou em Corumbá o número de ocorrências envolvendo “flanelinhas” ou moradores de rua em furtos, perturbação de tranquilidade e ameaças em Corumbá. Os pedintes, que dizem cuidar de carros, ficam geralmente no centro comercial da cidade pedindo dinheiro em troca do serviço. Se o motorista do veículo se recusa a dar o dinheiro, muitos deles ficam “nervosos”, danificam os veículos ou fazem ameaças.  O proprietário de uma loja, Jefferson Villa, após recusar o serviço de um “flanelinha”, o homem quebrou o vidro do veículo e furtou o som automotivo na madrugada de sábado (15).

“Estacionei o carro em frente da minha loja como de costume e saí com minha esposa para passear. Quando estacionei o pedinte falou se poderia cuidar, eu disse que não era necessário e que sempre deixava o carro ali. Quando voltei da rua, o vidro estava quebrado e meu som foi arrancado. Câmeras do vizinho registraram tudo e vimos no vídeo ele cometendo o furto”, contou o comerciante.

Ainda no fim de semana, outros dois casos chamaram a atenção. Um flanelinha, de 30 anos, foi levado para a Delegacia de Polícia Civil na noite de sexta-feira (14) após ameaçar donos de veículos que se negavam a dar dinheiro. A Polícia Militar foi chamada e ao revistar o acusado, encontrou com ele quatro papelotes de pasta base de cocaína e a quantia de nove reais.

No domingo, um pedinte abordou uma menina que estava em uma sorveteria, no centro da cidade, e disse que queria dinheiro. A criança afirmou que não tinha e ele a ameaçou. O pai dela mandou que o homem se afastasse da menina e também foi ameaçado de agressão. Guarnição da PM passava pelo local e deteve o pedinte.

O gerente de loja, Marco Ferreira, já teve o carro riscado com prego e o pneu furado duas vezes por pedintes de rua. “Aqui no centro, a presença deles é constante. Eu mesmo já presenciei um deles furando o pneu do meu carro porque eu recusei dar dinheiro. E o pior é que eles fazem na cara da gente e estão ficando cada vez mais abusados”, contou.

“Sabemos que muitos são usuários de drogas, e quando eles estão em abstinência, ficam mais enfurecidos. Já vi um deles entrando no comércio e exigindo dinheiro. Infelizmente nós ficamos como reféns dessas pessoas, é preciso que seja feito um trabalho específico com eles”, disse outro comerciante, que preferiu não ter o nome divulgado.

Há também mulheres entre os flanelinhas

“Mãos atadas”

O comandante da Polícia Militar, tenente-coronel Joilson Queiroz Sant'Ana explicou ao Diário Corumbaense como agir quando essas pessoas ameaçam e perturbam exigindo dinheiro. “O primeiro passo é não dar dinheiro, pois quanto mais damos dinheiro, eles acham que todos devem dar e isso se torna um ciclo. Caso algum deles fizer ameaças, riscar o carro ou furar pneu, ligue para o 190 e iremos ao local”, recomendou.

“Nós realizamos nosso trabalho através das rondas policiais, mas vale ressaltar que precisamos do apoio da população com o registro de boletim de ocorrência, pois não podemos agir sem um mandado ou registro. Não existe mais a lei da vadiagem e todos têm o direito de ir e vir, então, ficamos de mãos atadas até que uma pessoa venha fazer uma denúncia. Fazemos o policiamento nessas regiões críticas, porém é preciso que as pessoas denunciem”, destacou o tenente-coronel.

Assistência Social faz acompanhamento e vai retomar campanha

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Assistência Social, por meio do  Centro POP - Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, informou que  oferece atendimento àqueles que utilizam as ruas como espaço de moradia ou sobrevivência com a finalidade de tirá-los das ruas e retornarem ao seio familiar. 

Segundo a gerente de Proteção Social e Especial da secretaria, Renata Papa, desde o início do ano até agora, foram identificadas 148 pessoas em situação de rua e destas, cinquenta e quatro estão sendo acompanhadas pela equipe do Centro POP. Elas participam das oficinas de trabalhos manuais, atendimento psicossocial, trabalhos em grupos com orientação à redução de danos e encaminhamento para outras políticas públicas como saúde através do CAPS AD, CAPS II; a qualificação profissional, através do Centro de Qualificação Profissional Dom Bosco ou Pronatec e na habitação, para cadastramento em projetos habitacionais entre outras.

Porém, ela ressaltou que muitas pessoas não são receptivas à equipe, não aceitam a aproximação e as orientações. Conforme pesquisa do serviço de abordagem social, as razões que as levam a permanecerem em situação de rua devem-se ao rompimento de vínculos familiares decorrentes do uso abusivo de álcool; uso abusivo de drogas e indícios de transtorno mental.

Diante desse quadro, a Prefeitura vai dar prosseguimento à campanha “Não Dê Esmola, Dê Cidadania”, a fim de conscientizar a população local. “Ao darmos dinheiro, colaboramos para a permanência das pessoas nas ruas e criamos a ilusão de que é possível viver através da mendicância”, frisou Renata Papa ao lembrar que no que se refere a atos infracionais cometidos por essas pessoas, cabe à segurança pública coibir tais ações.