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Escambo Cultural fortalece identidade negra em Corumbá

Da Redação em 10 de Agosto de 2014

Reunindo capoeiristas das cidades de Sonora, Pedro Gomes, Campo Grande, Jardim, Aquidauana, Anastácia, Miranda, Ladário e Corumbá, além do município mato-grossense de Ouro Branco do Sul, a quarta edição do Escambo Cultural trouxe a Corumbá o renomado mestre Reinaldo Ramos Suassuna. O evento realizado pelo Cordão de Ouro de Mato Grosso do Sul, teve apoio da Prefeitura corumbaense, por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania.

Fotos: Kleverton Velasques/PMC

Evento reuniu capoeiristas de várias cidades

O Escambo é um encontro pedagógico com apresentações culturais, além de conscientização de temáticas raciais e Salvaguarda da Capoeira no Estado. “Esse evento vem reafirmar o que a própria história diz que é a verdade, que é o sentimento. Nós acreditamos no saber de cada um, independente de sua formação acadêmica. Resgatar as raízes, valorizar a cultura vem fortalecer qualquer manifestação cultural, especialmente esse que vem falando das culturas de matrizes africanas”, disse Romilda Neto Pizani, coordenadora do Fórum Estadual das entidades do Movimento Negro de MS e presidente do Conselho Estadual de Direitos do Negro.

Ela avaliou que ainda hoje há uma “grande luta pela inserção do negro em vários setores da sociedade e, através da cultura, são encontrados alguns dos caminhos para mudar isso”.  Pizani ainda comentou sobre o papel de Corumbá dentro do Estado em ações para o fortalecimento das causas do povo negro.

“Corumbá tem o que há de melhor: a população. A essência do Estado também está aqui de uma forma muito arraigada. A atual gestão municipal tem contribuído muito para o fortalecimento da valorização dessa cultura, é de fundamental importância que os gestores tenham essa sensibilidade e dê essa oportunidade para que o outro se reconheça, se aproprie e dê continuidade a sua história”, avaliou.

De origem Afro-brasileira, a capoeira incorpora movimentos de luta, acrobacias, dança, percussão e músicas num diálogo rítmico de corpo, mente e espírito

“A capoeira é de fundamental importância dentro das nossas ações, inclusive não se restringindo apenas à parte cultural. Temos levado para atividades na área da Saúde, da Educação, pois percebermos que ela é bastante atrativa e capaz de promover mudanças positivas no indivíduo. Ouvi dias atrás de um frequentador do CAPS que quando ele tocou o atabaque a cantou numa roda de capoeira, ele teve a percepção de sua existência. Isso é a transformação que a gente quer levar”, afirmou a prefeita em exercício, Márcia Rolon.

Divulgador da capoeira no mundo

Com 76 anos de idade e divulgador da capoeira em todo o mundo, o mestre Suassuna avaliou de forma bastante positiva a abertura que o Município proporciona para essa arte que já foi bastante discriminada, porém que, hoje, somente através do grupo Cordão de Ouro, atinge quase 180 países com destaque bastante expressivo para Israel, onde há cerca de 6 mil alunos.

“O Ariano (Suassuna) – primo do mestre capoeirista – dizia que tinha dó do povo que não cultura sua história, sua cultura. Vejo a capoeira num cenário bastante positivo aqui em Corumbá, quem dera que em todas as cidades fosse assim”, disse o mestre ao falar nos atuais desafios que a capoeira possui em nossa sociedade.

“Temos muitas crianças e jovens querendo fazer a capoeira, mas que esbarram na religião dos pais que as impede de frequentar porque há cânticos que falam de algum santo ou orixá, mas a gente vai buscando driblar isso assim como aconteceu com o preconceito contra o capoeirista”, contou Suassuna ao analisar o motivo pelo qual a capoeira fascina tanta gente ao redor do mundo.

"Ser capoeirista, antes de tudo, é um estilo de vida", disse mestre Suassuna

“A música, a batucada trazem o sentimento do ser humano. A capoeira com seus elementos mexem com as pessoas que, no fundo, são as mesmas em qualquer lugar do globo. Ser capoeirista, antes de tudo, é um estilo de vida, é ter uma postura diante do mundo e nós, na Cordão de Ouro, nos importamos com o que temos como slogan, que é formar uma família, a família da capoeira”, afirmou o mestre que fez uma pausa na gravação de seu mais recente CD e DVD para participar do Escambo Cultural em Corumbá.

Depois da passagem pela cidade pantaneira, ele segue para a região Nordeste e, posteriormente, cumprirá eventos agendados nos Estados Unidos e Índia. Ele foi convidado pela prefeita Márcia Rolon a retornar a Corumbá, assim que o prédio do ILA (Instituto Luiz de Albuquerque) passar pelas restaurações do PAC Cidades Históricas.

“Convido-o para retornar e conhecer o que será o maior complexo cultural do Estado, com espaço para as diversas manifestações culturais em nosso município, dentre elas, especialmente, a capoeira”, disse.

Agosto é considerado o Mês da Capoeira. O Dia do Capoeirista é celebrado em 3 de agosto e foi criado pela lei estadual de São Paulo 4.649/85. Hoje, a Arte Negra esta em processo de Salvaguarda da Capoeira pelo IPHAN. As informações são da Assessoria de Comunicação Institucional da PMC

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