Campo Grande News em 06 de Dezembro de 2024
Paulo Francis/CG News
Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrastro da menina Sophia, durante a leitura da sentença
O caso, que chocou o país, resultou na condenação de Stephanie de Jesus da Silva, mãe da vítima, a 20 anos de prisão por omissão no dever de cuidar, o que permitiu o assassinato da criança. Já o padrasto, Christian Campoçano Leitheim, foi sentenciado a 32 anos, sendo 20 anos por homicídio doloso (com intenção de matar) e mais 12 anos pelo estupro de Sophia.
Para a mãe de Stephanie, Delziene da Silva de Jesus, a condenação foi injusta. Ela ressaltou que sua filha sempre foi uma mãe dedicada e que, ao longo do processo, descobriu pela mídia sobre os abusos sofridos por Stephanie e sobre as circunstâncias do crime. Ela lamentou que a pena imposta a Stephanie tenha sido equivalente à do padrasto.
"Eu preferi ficar resguardada e não me posicionar durante toda a investigação. Agora, depois dessa condenação da Stephanie, eu achei injusto. Primeiro, por ela ser mulher, ela foi agredida. Não sabia muita coisa, eu descobri aqui, junto com a mídia, porque eu não tenho acesso a um processo. Eu achei injusto ela ser julgada com o mesmo peso que o cara. A Stephanie era uma excelente mãe, trabalhadora, fazia de tudo, sempre foi estudiosa, sempre batalhou", disse.
Recurso
A defesa de Stephanie, representada pelo advogado Alex Viana, anunciou que recorrerá da decisão no STJ (Superior Tribunal de Justiça), alegando que a ré vivia dentro de um ciclo de violência doméstica e não teve a intenção de negligenciar a filha.
"Fizemos o possível. A Stephanie não era omissa, estava dentro do ciclo da violência doméstica. Tivemos votos favoráveis, mas não houve maioria para a absolvição dela. Vamos seguir com o caso, temos chances de anular a pronúncia", explicou Alex.
Herika Ratto, que complementou a defesa de Stephanie, assegura que a cliente já sentou no banco dos réus com a condenação. "Vejo que muita coisa foi distorcida em relação à Stephanie. Ela já entrou condenada. Creio que por conta de todo o 'descontexto' das verdades dos fatos".
O defensor de Christian, Renato Cavalcante Franco, disse à reportagem que a equipe precisa de um tempo para analisar a possibilidade de recurso, destacando a serenidade do julgamento e a soberania dos jurados na decisão.
"Foram dias de trabalhos intensos, a gente precisa também um pouco de descanso para que dentro dos cinco dias que a própria lei oferece, possamos de maneira mais oxigenada, pensarmos se haverá ou não recurso. Isso é uma tranquilidade que a gente pode ter dentro deste caso", discorreu Renato.
Trabalho feito
Em entrevista, o juiz Aluízio Pereira dos Santos afirmou que o processo foi conduzido de forma célere e que os dois dias de julgamento foram desafiadores devido aos recursos apresentados pelas defesas. Ele também se mostrou confiante de que os recursos não terão sucesso, uma vez que o júri se baseou nas evidências apresentadas durante a investigação.
"Hoje a gente vira essa página. Encerramos oficialmente dois dias de muito trabalho. Estou satisfeito com o resultado obtido. A defesa tem todo o direito de recorrer. Sobre o requerimento de recorrer no STJ, tenho certeza absoluta que não terá nenhum efeito comprobatório que anule este trabalho. E o importante é que, da minha parte, os trabalhos estão encerrados".
O promotor José Arturo Bobadilha afirmou que a sentença foi justa e que o júri entendeu corretamente as teses apresentadas pelo Ministério Público. Ele destacou a importância da resposta da Justiça pelo sofrimento de Sophia e mencionou as falhas dos órgãos responsáveis, que não impediram o abuso e o assassinato da criança.
"O MP se sente bem avaliado. Os jurados entenderam o caso. Todas as teses foram acolhidas. Foi uma resposta justa a toda a repercussão, chamou a atenção do Brasil. Durante a réplica, enfatizamos a Justiça pela Sophia. Acho que, com certeza, conseguimos atingir o objetivo estabelecido lá no começo. As votações, quase todas unânimes. O fator principal era defender a vítima", finalizou.
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