Agência Brasil em 19 de Outubro de 2021
A pesquisa foi feita por uma equipe internacional, com participação portuguesa, liderada por Rajan Gogna, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
Segundo Gogna, a descoberta poderá ter efeitos positivos nas próximas fases da gestão da crise pandêmica, ao permitir identificar o potencial de gravidade de um determinado caso de covid em sua fase inicial, possibilitando uma resposta hospitalar mais rápida, orientada e eficaz, contribuindo para a melhor organização dos sistemas de saúde.
Por outro lado, nos países que estão com dificuldades no controle da pandemia ou nos que têm sistemas de saúde mais frágeis e com menor acesso a vacinas, a aplicação das conclusões do estudo permitirá a orientação dos recursos disponíveis para as pessoas com maior propensão a contrair covid mais severa e, assim, conter a doença com maior efetividade.
É o nível de saúde celular dos pulmões que define se uma pessoa sofrerá um caso mais ou menos grave de covid-19 e essa leitura pode ser feita antes de se contrair a doença, explica o autor principal do estudo. Rajan Gogna refere-se ao hFwe-Lose, uma proteína que recentemente se verificou ser um biomarcador que assinala a saúde das células pulmonares.
O organismo humano tem um sistema que promove a extinção de células inviáveis e também das que, embora viáveis, estejam funcionando em um nível abaixo do necessário para uma saúde celular perfeita. O biomarcador hFwe-Lose identifica essas células "sub-ótimas", que aumentam com a idade ou em pessoas que sofrem de hipertensão, obesidade, doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes e outras doenças já conhecidas como fatores de risco agravado em um quadro de covid-19.
A pesquisa analisou tecido pulmonar infectado, proveniente de pessoas mortas por covid-19, e confirmou grande acumulação de hFwe-Lose em áreas onde se verificou morte celular. Comparando amostras recolhidas em pessoas com todas essas características, mas divididas entre doentes de covid e não doentes, o estudo determinou que o hFwe-Lose tinha uma expressão “significativamente maior” no primeiro grupo.
Os dados sugerem que a expressão desse biomarcador nas vias aéreas inferiores é “claramente” indicadora de um caso de covid-19 mais severo ou até mortal, mas, pela maior dificuldade na obtenção de amostras de tecido não é um bom método de prognóstico.
Foram também estudadas amostras recolhidas por meio da coleta naso-faríngea (o teste do cotonete) em pacientes iniciais de covid e concluiu-se que a expressão de hFwe-Lose nessas coletas é “consistente” com os dados recolhidos no trato respiratório inferior.
Assim, os corriqueiros testes de coleta de material naso-faríngeo foram fixados por esse estudo como ferramenta essencial, porque, permitindo fácil recolhimento de amostra, contêm também toda a informação necessária para que se consiga prever a gravidade de um determinado caso de covid.
Rajan Gogna afirmou que o método de prognóstico agora proposto é "mais certeiro" do que o atual, que resulta de uma combinação de outros biomarcadores (Ferritina, D-dímero, proteína reativa C e rácio neutrófilos/linfócitos) com fatores como a idade do doente e comorbidades associadas.
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