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Corumbaenses buscam no setor de alimentação alternativa para gerar renda

Caline Galvão em 21 de Junho de 2016

Na contramão da crise, o setor de alimentação cresce sem parar no Brasil, no entanto, muitas das pessoas que começaram a investir no ramo da alimentação o fizeram por terem perdido emprego ou não conseguirem mais pagar suas contas. Isso porque o poder de compra do brasileiro caiu devido ao aumento de impostos e das contas básicas, como de energia e água. Em Corumbá, depois de colar grau e conquistar o diploma no curso de Licenciatura em Biologia, Rafaela Molina se viu sem emprego e precisando de dinheiro para sobreviver. Mas, ao invés de ficar esperando abertura de vaga em alguma escola, resolveu investir em outro ramo, ela está apostando no setor de alimentação e oferecendo almoço saudável, o diferencial de sua marmitex.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Aposta em marmitex mais saudável tem atraído clientes que se preocupam com a saúde e com o peso

“Tive a ideia de abrir o negócio por eu ter me formado e não ter conseguido emprego, por ser um curso de licenciatura e, como me formei no mês de abril, os professores já estavam todos contratados. Então me vi naquela situação, estou formada, tenho diploma, mas não consigo campo de trabalho”, explicou Rafaela. Ela contou que inicialmente formou parceria com outra estudante, que durou apenas dez dias. No dia 29 de abril, Rafaela resolveu começar o trabalho somente com ajuda da mãe e da irmã.

O diferencial dos produtos é ser mais saudável. Para o almoço de segunda-feira (20), por exemplo, os clientes comeram grão-de-bico, verdura, arroz integral com brócolis, frango grelhado e ainda como sobremesa sala de frutas ou bolo de cenoura. De acordo com Rafaela, sempre há proteína animal e vegetal, alternando com soja, grão-de-bico e lentilha, por exemplo. A maior parte de seus clientes é mulher, mas o perfil dos que procuram seus serviços é de pessoas preocupadas com a saúde e com o peso. “É uma comida para ajudar você a ter uma boa saúde”, garantiu Rafaela ao Diário Corumbaense.

Todos os produtos usados são integrais como o arroz e a farinha de trigo para os bolos, quando é utilizado leite, é sempre desnatado ou semidesnatado. Mas o serviço se diferencia ainda por outro detalhe. Quando ela consegue um novo cliente, sempre pergunta se tem intolerância a algum tipo de alimentação como glúten ou lactose. “Se o cliente tiver alergia a um desses itens, eu faço comida diferenciada. Não trabalho com fritura, faço mais grelhado ou até mesmo na churrasqueira, como fizemos na semana passada uma linguiça de frango assada na churrasqueira porque o sabor fica melhor, por isso que eu digo que é um produto mais saudável, mas eu não sou nutricionista, então não dito uma dieta, eu ofereço uma opção mais leve e saudável para o dia a dia”, explicou Rafaela Molina.

O negócio trabalha com pacotes semanais ou mensais. “Eu não tenho ainda número fixo de clientes, ainda tenho poucos pacotes mensais, mas o pacote semanal atrai muitas pessoas porque eu faço promoção, você paga pela marmitex e a entrega e eu dou a sobremesa. Estou com média de 15 a 25 clientes diários, só que isso oscila porque sempre há novos clientes”, explicou Rafaela. A marmitex sai a R$ 12,00, mas com sobremesa ou suco sai por R$ 14,00. Já uma completa custa R$ 17,00 e é cobrada taxa simbólica de R$ 2,00 para o frete. Mas, para atrair clientela, Rafaela não cobra o valor da entrega para os que fecham pacote semanal ou mensal. Aos sábados, Rafaela começou a produzir bolos e oferecer congelados, como escondidinhos de frango e lasanha.

O negócio está sendo feito com ajuda da família e começou por falta de vaga de emprego no mercado

No entanto, ela afirmou que financeiramente o negócio ainda não está sendo rentável porque logo quando começou, no final de abril, não cobrava taxa de entrega e vendia a marmitex por R$ 10,00, mas como os produtos saudáveis não são baratos, ela acabou ficando sem lucro. “Não vou dizer que estou tendo lucro, mas estou começando a ter um estoque, coisa que no início eu não conseguia. O que eu recebo aproveito para investir no negócio, até mesmo para poder crescer”, confessou. Rafaela afirmou que não pensa em desistir da carreira como docente, mas pretende dar continuidade ao projeto da marmitex saudável e conciliar com a vida de professora, caso receba proposta de emprego.

Ela acredita que quem é formado e não consegue logo emprego não pode ficar parado. “A primeira coisa é não ter medo, eu me arrisquei. Confesso que comecei com bastante receio quanto a não ter público, mas, pensei, por que não tentar? Você não vai perder nada, só vai arriscar. Quando comecei com a marmitex no primeiro dia, eu jurava que não ia vender muito, postei de rede social e tive mais de 40 pessoas interessadas. Infelizmente não tem serviço mais para todo mundo, as pessoas se formam e não necessariamente o mercado precisa, então o que eu digo é que você não pode ter medo, tem que se arriscar”, afirmou. Os telefones de contato são (67) 8141-0796 e (67) 9645-1673.

Alternativa de renda nem sempre é empreendedorismo, afirma especialista

Desde que a crise financeira mais acentuada se instalou no Brasil, no início de 2015, muitos carrinhos de lanches e marmitex foram abertos em Corumbá, a maioria deles como alternativa para melhorar a renda ou substituir o emprego perdido. Roosiley dos Santos Souza, doutora em Administração na área de empreendedorismo e docente da UFMS, afirmou que o Brasil tem sido destaque em pesquisas internacionais quando o assunto é empreendedorismo. No entanto, essas pesquisas estão revelando que o brasileiro é empreendedor por necessidade, porque falta qualificação, pelo mercado não conseguir absorver a mão de obra que existe, pelo fechamento das empresas por causa dos altos impostos.

“São vários os motivos que levam as pessoas a buscarem algum tipo de alternativa”, afirmou Roosiley. “Como alternativa para melhorar a renda, as pessoas começam a buscar fazer algo para o mercado. Um setor que eu não vejo crise é o de alimentação porque é a única coisa que a gente não vai cortar do nosso dia a dia. A pessoa reduz o consumo, mas não elimina a comida”, lembrou a professora universitária. O que ela observa é que esses carrinhos de lanches, comidas em embalagens individuais, marmitas, acabam tendo um preço atrativo porque compensa vender esse tipo de produto.

Cliente pode optar por sobremesa que pode ser salada de frutas ou mini tortas integrais de sabores variados

“Eu não vejo essas pessoas como empreendedoras porque o empreendedor é uma pessoa que se prepara, conhece o mercado, busca informações, faz plano de negócios, sabe o risco que está correndo, não fica sozinho, busca ajuda. O que eu tenho visto é que muita gente está abrindo negócios fazendo tentativa, até para poder honrar as suas contas. Faz experiência de uma semana ou de um mês aí é que vai buscar o Sebrae, a Secretaria de Indústria e Comércio para pedir informações como funciona o MEI (Microempreendedor Individual). Muitas vezes dá certo, mas ele tem que buscar capacitação porque senão se torna um negócio passageiro, não permanece no mercado. A partir do momento que ele sai da informalidade e passa a ser formal, ele começa a ter os encargos e todos sabemos que o que mais pesa hoje no Brasil é a carga tributária”, pontuou Roosiley Santos.

Comentários:

mary rios: Sou cliente da Rafaela e sou muita grata, estou provando novas sabores e alimentos saudáveis,como eu não tenho tempo para preparar meus cardápios ela salva meu dia..tudo esta dando certo e estou tendo resultado devido aos cuidados que a equipe molina oferece.

Alexandre Santos: Eu adoro as marmitas da Rafaela, além de saudáveis são super gostosas, acabei até perdendo peso depois que comecei a consumi-las, hoje vejo que alimentação saudável é o que há.

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