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Policiais Militares e bombeiros realizam “Dia de Alerta” contra sucateamento de instituições

Caline Galvão em 24 de Maio de 2016

Policiais militares e bombeiros realizam em todo o Estado “Dia de Alerta” nesta terça-feira (24). Em Corumbá, os policiais estão aquartelados, com efetivo mínimo para trabalhar em casos de emergência e atendimentos judiciais. A manifestação acontece em decorrência do sucateamento da Polícia Militar, questões salariais e falta de efetivo. A mobilização, que começou às 08h, será encerrada às 20h, quando os policiais retomam suas atividades normais. Em Corumbá, policiais e bombeiros realizaram manifestação às 08h30 na rua Frei Mariano, no centro da cidade e depois retornaram ao quartel.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Policiais e bombeiros se mobilizaram pela manhã no Centro de Corumbá

Decidiram pelo “Dia de Alerta” a Associação dos Oficiais Militares Estaduais de MS (AOFMS); Associação de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (AOCBMMS); Associação Beneficente dos Subtenentes, Sargentos e Oficiais oriundos do quadro de Sargentos Policiais e Bombeiros Militares do Estado de Mato Grosso do Sul (ABSSMS); Associação dos Subtenentes e Sargentos Bombeiros Militares do Estado do Mato Grosso do Sul (ASSBM/MS); Associação de Praças Bombeiro Militar (APBMMS); Associação dos Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso do Sul (ASPRA).

“O dia de alerta é para chamar atenção da sociedade e do governo com relação à falta de efetivo e às precárias condições de trabalho. Estamos com coletes todos vencidos, com pneus carecas das viaturas e falta combustível. Esses problemas foram apontados pelas associações”, explicou o tenente-coronel César Freitas Duarte, comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar de Corumbá.

Outras reinvindicações foram apontadas como falta de carga-horária e falta de curso de condutor de emergência para muitos policiais. “O policial do Mato Grosso do Sul não tem banco de horas, não tem nem limite de trabalho semanal. Extrapolou o dia de trabalho dele e não é remunerado. Isso desde tempos imemoriais, então não se resume só a questões salariais”, afirmou o comandante.

Conforme o tenente-coronel Freitas, apenas duas viaturas em Corumbá têm condições reais de funcionar atualmente. Ele afirmou que os policiais não têm condições de trabalhar sem seus instrumentos de segurança e todos os coletes balísticos estão fora do prazo de validade. Nem mesmo estepes existem mais por já terem sido utilizados. “As associações perceberam o total sucateamento e isso não é desse governo, nem do governo anterior, é de vários que culminou em um momento onde os policiais não conseguem mais trabalhar”, afirmou Freitas.

Comandante do 6º Batalhão afirmou que estrutura da instituição está bastante defasada, viaturas sucateadas e coletes vencidos

De acordo com policiais que participaram da manifestação, eles próprios têm comprando materiais para fazer manutenção das viaturas, muitas vezes com ajuda de empresários. Lúcia Helena Coelho, esposa de policial, afirmou que toda a estrutura da Polícia Militar está defasada. “Falta pneu, falta bateria, falta contingente policial que é muito pequeno em Corumbá, foram formados 50 policiais, mas a maioria foi embora, foram todos transferidos, vários aposentaram, os que estão trabalhando estão com carga-horária muito apertada e isso prejudica não só o trabalho deles, mas também a família”, disse Lúcia.

Com relação ao curso apontado por Lúcia, o comandante Freitas afirmou que saíram mais policiais do que entraram. Alguns policiais saíram antes dos trinta anos, há policiais em tratamento de saúde e muitos que se aposentaram. “Na verdade o que entrou não foi o suficiente para suprir a falta desses que foram embora”, esclareceu.

Lúcia Helena afirmou também que a questão salarial tem que abranger toda a classe, inclusive aposentados e inativos. Ela falou que o abono de 200 reais oferecido pelo governo não supre as necessidades da categoria. “Para nós isso é péssimo porque o abono não incorpora no salário. Não vale a pena pegar em duzentos reais, não é nada para a gente. No grupo de esposas, todas foram contra. Para nós, como família, desconsideramos o abono”, disse. O Governo do Estado ofereceu o pagamento de abono de R$ 200,00 (duzentos reais), sem propor reposição do índice inflacionário. Policiais e bombeiros não recebem reajuste salarial desde dezembro de 2014.

Estado afirma que trabalha para reestruturar o setor

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou, por meio de nota, que a decisão de paralisação ou de operação padrão, é de associações de classe e que não tem qualquer aval neste sentido. As questões salarial e funcional dos cabos e soldados, que representam a maioria do efetivo da Polícia Militar, já foram negociadas entre o Governo do Estado e a Associação de Cabos e Soldados da PM, em assembleia geral e legítima.

Ainda segundo a nota, o Governo do Estado está trabalhando para reestruturar a Polícia Militar, melhorar as condições de trabalho e valorizar os policiais. E, nos próximos dias entrega para a instituição 866 novos coletes balísticos, 230 armas, entre fuzis, metralhadoras e espingardas de grosso calibre, e mais 60 viaturas, entre motos, caminhões guinchos e vans. Além disso, estão em andamento processos licitatórios para a aquisição de mais 76 viaturas e atas de registros de preços, em fase de homologação, para a aquisição de mais de 5 mil coletes balísticos para a PM e a Polícia Civil.

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