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Campus do Pantanal pode ter curso de Medicina em 2017

Marcelo Fernandes em 09 de Março de 2016

Ricardo Albertoni/Diário Corumbaense

Diretor do CPAN explicou que projeto vem sendo trabalhado há um ano

Até o final deste mês, a direção do Campus do Pantanal (CPAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) deve encaminhar ao Ministério da Educação (MEC) o pedido de criação do curso de Medicina em Corumbá. O projeto já está pronto e só depende da aprovação do Conselho Universitário (COUN) para sua apresentação ao MEC. A apreciação pelo COUN deve ocorrer no dia 23 de março. O COUN é o órgão de jurisdição superior da UFMS, de caráter deliberativo, normativo e consultivo, sendo a instância final na definição da política universitária. Em caso de aprovações pelo Conselho e pelo Ministério, o curso pode ter a primeira turma – de 30 alunos – ingressando já em 2017.

Diretor do Campus do Pantanal, o professor doutor Edgar Aparecido da Costa explicou ao Diário Corumbaense que o programa “Mais Médicos”, do Governo Federal, abriu a oportunidade para a implantação do curso pela UFMS em Corumbá. “Existe uma chance, ela está posta em função da política do governo com o Mais Médicos. Em 2018, cubanos e venezuelanos vão voltar, não vai ter mais essa política e, até lá, o governo vem tentando criar novos cursos de medicina no país, especialmente naquelas cidades que tenham mais de 100 mil habitantes, o que é o nosso caso. O recurso ainda existe, não foi mexido, mesmo com a crise que afeta todo o país. Mas, ele é finito e se esgota em junho deste ano”, disse.

O projeto do curso de Medicina do CPAN vem sendo trabalhado há pelo menos um ano. Participaram da comissão de criação representantes das Prefeituras de Corumbá e Ladário, da Fiocruz, da Associação Médica de Corumbá e do Governo do Estado. “As características que esse curso terá atendem a nova portaria conjunta do MEC e do Ministério da Saúde, que é o médico da família. "O projeto pedagógico está pronto e estamos na última etapa dentro da UFMS. Já aprovamos no Conselho de Campus do CPAN, no Conselho de Ensino e Graduação da UFMS e agora vai para o Conselho Universitário. Aprovado o projeto no COUN, estamos autorizados a cadastrá-lo na plataforma do MEC para fazer a solicitação de criação do curso, aí vai ser avaliado”, informou o diretor do Campus do Pantanal. A partir da entrada do projeto, o Ministério tem três meses para responder se aprova ou não a criação do curso em Corumbá.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Sendo aprovado pelo MEC, curso terá 30 vagas e primeira turma já ingressará no ano que vem

Pacote com 60 professores

Edgar ressaltou que a chance de o projeto passar em Brasília existe “como qualquer outra proposta nacional”. Mas, na análise do diretor, a construção do processo e outras peculiaridades indicam para aprovação da proposta. “O projeto que foi construído está bem feito; as características da região, por ser de fronteira e ter mais de 100 mil habitantes. Temos 1,2 médicos por cada mil habitantes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe que sejam 2,5 médicos por cada mil habitantes. Estamos longe dessa média pretendida pela OMS. Temos características que nos dizem respeito a uma possível aprovação do curso”, argumentou. O pacote de aprovação inclui 60 professores, 30 técnicos e infraestrutura. “Solicitamos o que aconteceu em Três lagoas, que foi um bloco com dois andares para salas de aulas e laboratórios a serem construídos”, completou.

“Se for aprovado, temos a garantia que os recursos virão e que vamos poder começar a fazer a construção. Temos uma infraestrutura mínima que é possível começar, que seriam quatro salas de aula, alguns laboratórios equipados, que são o da biologia e o da psicologia. Sem isso, a gente não consegue instalar. Vamos usar toda a rede de saúde do município, não apenas o hospital. É uma nova característica desse curso, em que o aluno vai viver a realidade do município, do Pantanal, dos assentamentos e unidades de saúde. A grade curricular é diferenciada, adaptada à região de fronteira e às unidades de saúde”, contou o diretor do CPAN explicando também que o curso é de seis anos e o número de vagas é estabelecido por conta do número de leitos hospitalares disponíveis na cidade. “Com base nisso conseguiríamos abrir, nesse momento, 30 vagas para o primeiro ano. Ampliados os leitos, podemos ampliar vagas”, complementou.

Conselho e Ministério pedem cartas de apoio para criação do curso

Para a reunião do Conselho Universitário, prevista para 23 de março, o Campus precisa apresentar, além do projeto, cartas de apoio à implantação do curso de Medicina na região. É nesse momento que entra a necessidade de o município demonstrar força política.

“Uma das etapas do COUN é a das cartas de apoio ao curso de medicina. Pedimos às organizações das sociedades Corumbá e Ladário, às Prefeituras e Câmaras Municipais que nos enviem cartas de apoio para apresentarmos ao Conselho e também ao MEC. Precisamos mobilizar apoio político para sensibilizar o ministério da importância do curso de medicina para cá. Não basta um projeto tecnicamente bem feito sem um apoio político. Prefeitos, governador e as bancadas estadual e federal serão muito importantes”, frisou o professor Edgar.

UFPAN

A transformação do Campus do Pantanal em instituição de ensino superior federal autônoma – denominada Universidade Federal do Pantanal (UFPAN) volta a ganhar força com a proposta de criação do curso de Medicina, explicou o diretor do CPAN.

“Montamos uma estratégia em que entendemos que UFPAN é a nossa solução, a saída para nossa região ter autonomia, independência em relação a Campo Grande. A primeira estratégia é a criação do curso de medicina. Com ele, vamos ter peso considerável para voltarmos a Brasília solicitando a criação da UFPAN. A estratégia agora está voltada para o fortalecimento do Campus, para que tenhamos força para encaminhar o projeto a Brasília. Hoje, temos 13 cursos de graduação, dois cursos de pós-graduação e somos 130 professores. O curso de medicina trará para Corumbá 60 professores, praticamente a metade do que temos. Esse é o peso que ele nos dá”, finalizou.

Comentários:

Carlos Eduardo Gonzaga: Se o projeto que está no papel puder ser, de fato, implantado, a região do Pantanal será extremamente beneficiada. Quero destacar a fala do professor doutor Edgar: os alunos precisam vivenciar a realidade da sociedade. O sonho de uma sociedade justa precisa estar vivo dentro do pensamento dos acadêmicos (não só nos possíveis alunos de Medicina), mas, também, precisam saber que a realidade atual não é bem essa. Então, ao ingressar no ensino superior, todos os acadêmicos devem vivenciar o ambiente como ele é e não esperar somente luxos ou privilégios. Acredito no potencial da Universidade Federal do Pantanal para mudar a realidade da região de Corumbá. Boa sorte aos envolvidos.

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