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Sobreviventes de naufrágio contam momentos de pânico e desespero

"Sobreviver foi um milagre" disse um deles

Campo Grande News em 25 de Setembro de 2014

Fotos: Marcelo Calazans/Campo Grande News

Buscas seguem no rio Paraguai

Cinco turistas, dos 13 sobreviventes resgatados do naufrágio ocorrido na quarta-feira (24) no rio Paraguai, estão na delegacia de Porto Murtinho, a 431 km de Campo Grande, prestando depoimento. O acidente ocorreu em consequência de um tornado que atingiu a região por volta das 17h30. O Campo Grande News conversou com os sobreviventes, entre eles, Francisco Carlos Paulineli Ferreira, 60 anos, morador de Nova Alvorada do Sul, no Paraná.

Essa é a quarta vez que ele vai à cidade sul-mato-grossense para passear e pescar. "Todos estavam muitos felizes, o passeio tinha sido um sucesso, a pescaria foi muito boa, pegamos muitos peixes", conta. O grupo de turistas chegou na cidade na sexta-feira (19) e saiu de barco no dia seguinte (20). 

Enquanto aguardava para prestar depoimento, Kesley Rocha Souza, 27 anos, não conseguiu conversar com nossa equipe. Ele chorava muito e estava, visivelmente, em estado de choque. Além de Francisco e Kesley, Valdecir Segundo Freitas, 47 anos, José Ribeiro da Silva Filho e Márcio Ferreira Gameira, 37 anos, também estavam na delegacia.

Detalhes do acidente

Segundo Francisco, tudo começou por volta das 16h45. "Estávamos a cerca de 50 metros de aportar no lado paraguaio do rio. Estávamos indo para um churrasco que o dono do barco ia fazer pra gente", se recorda. Neste horário, começou a ventar forte na região e alguns sacos com lixo do barco-hotel foram parar no rio. Dois piloteiros decidiram, então, usar as pequenas embarcações de apoio do próprio barco-hotel para retirar o lixo do rio.

"Foi aí que veio uma rajada de vento muito forte que quebrou os vidros do barco e fez ele tombar. Foi um desespero, tudo começou a cair, a quebrar. Tinha gente nos quartos e foi uma correria, tentamos segurar onde dava", narra Francisco.

"Ficamos ali tentando se salvar até que a correnteza se acalmasse um pouco, aí tentamos começar a nadar até a margem", completa. Conforme Francisco, as ondas que se formaram no rio eram muito altas, "tinham uns dois metros", diz.

"Todos estavam muitos felizes, o passeio tinha sido um sucesso, a pescaria foi muito boa, pegamos muitos peixes", conta Francisco

Neste momento, Francisco viu um barco de apoio, um dos que tinham saído para pegar o lixo. O piloteiro que estava na pequena embarcação passou, então, a resgatar os sobreviventes e levar para a margem.

"A gente viu o barco afundando, perdemos tudo. Nosso carro ficou aqui (em terra firme, na cidade), mas a chave do carro, todos os nossos documentos, as roupas, todos os pertences levados na viagem, tudo afundou", lamenta. Hoje, na delegacia, todos os turistas usavam roupas emprestadas.

Futuro

Não há prazo para deixarem a cidade. Segundo o grupo, familiares deles estão vindo ao Mato Grosso do Sul para acompanhar as buscas e só deixarão o local após ser feito o resgate de todos os desaparecidos.

Para Francisco, sobreviver foi um milagre. "Só Deus pra salvar. Do jeito que foi (o acidente), foi mesmo Deus que salvou a gente. Eu estava usando minha medalhinha da sorte", diz, segurando o amuleto.

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