FAB: o cotidiano militar para garantir os dados meteorológicos de Corumbá

Pouco conhecida dentro de Corumbá, a Força Aérea Brasileira (FAB) desenvolve uma importante missão no município. Os profissionais especialistas da Aeronáutica trabalham as primeiras informações meteorológicas da cidade, que posteriormente se transformam nas previsões elaboradas pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Esses dados sobre as condições climáticas também dão suporte aos pilotos de aeronaves que partem de Corumbá ou têm o aeroporto local como destino.

A primeira parte do trabalho dos especialistas da FAB em Corumbá está diretamente ligada à chamada meteorologia aeronáutica. "O observador meteorológico de aeronáutica tem função para aviação", disse a este Diário o sargento Daniel Reis do Nascimento, operador meteorologista que atua no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Corumbá (DTCEA-CR).

Fotos: Anderson Gallo/Diário Online

Informações climáticas colhidas pelos militares são transformadas em códigos para orientação dos pilotos

Para a coleta dos dados climáticos, uma vez que a meteorologia aeronáutica trabalha com o tempo presente, o operador dispõe de três órgãos: a Estação Meteorológica de Superfície; a Estação Meteorológica de Altitude e o Centro de Meteorologia. Cada um deles tem uma determinada função.

"A meteorologia de superfície faz a observação do tempo, codifica em mensagem que é transmitida para um banco de dados em Brasília (OPMET). Dentro dessa mensagem temos as condições que o aeródromo está no momento. O técnico em meteorologia é quem faz a observação e analisa se o aeródromo está aberto ou fechado por condições de tempo, podendo ser por teto, que é a camada de nuvem que está em cima do aeródromo; por visibilidade, que é restringida por chuva, neblina, nevoeiro, entre outros fenômenos. Todas essas observações são feitas pelo técnico de hora em hora. Se dentro dessa hora e a outra tiver algum tipo de adversidade tem que fazer algum tipo de observação e mandar outra mensagem", explicou o sargento Daniel.

Esses dados colhidos são importantes elementos para o planejamento de voo pelos pilotos do Brasil e mundo afora. "O piloto tem necessidade de verificar condições do tempo; previsão de aeródromo; ver imagens de satélite e dependendo para onde for analisar uma carta de vento", observou o operador meteorológico esclarecendo que os dados colhidos são codificados e transformados no que se denomina METAR - que nada mais é que um relatório codificado, associado às observações meteorológicas da superfície, utilizado para fornecer informações sobre condições do tempo em um aeroporto específico.

Dados colhidos pela estação em Corumbá são encaminhados para Brasília e de lá são distribuídos ao Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)

No meio da pista de pousos e decolagens do Aeroporto Internacional de Corumbá, a FAB mantém a Estação Meteorológica de Superfície. Ela capta informações referentes à visibilidade, cobertura de nuvens, temperatura do ar, umidade relativa, ponto de orvalho, direção e velocidade do vento, pressão e tetômetro que indica a altura da camada da nuvem. A cada hora cheia tem que ser inserida nova mensagem para a geração do METAR.

Passada essa fase, entra a contribuição mais detalhada e precisa para a elaboração da popular previsão do tempo. "A cada três horas enviamos uma mensagem sinótica com alguns dados a mais, que vão auxiliar na previsão do tempo. Quanto mais dados colhidos, mais precisa torna-se a previsão", explicou o sargento Daniel.

Balão sonda capta informações mais precisas para previsão do tempo

O detalhamento das informações vem com a Estação Meteorológica de Altitude (EMA) "Lançamos um balão meteorológico com uma sonda que vai subindo e capturando os dados na atmosfera. Enviamos para a Divisão de Meteorologia da Aeronáutica, que faz a distribuição. No INPE são usados para previsão mais precisa", ressaltou o militar da FAB a este Diário.

O balão com a sonda atinge aproximadamente 23 mil metros de altitude, podendo chegar a uma altitude maior. "Com antena GPS, colhe-se os dados de umidade e pressão e, posteriormente, transmitem-se os dados. À medida que o Balão vai subindo, vai coletando informações até altura que ele estoura e cai. As informações vêm por antena", informou o operador meteorologista do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Corumbá. A distância territorial percorrida, dependendo do vento, pode superar a 30 quilômetros de raio.

Divulgação FAB

Balão com sonda é lançado duas vezes por dia para coleta de informações climáticas

"As informações coletadas como pressão, umidade, direção do vento e ponto de orvalho em altitude são codificadas e encaminhadas ao Banco OPMET. Essa observação é feita duas vezes ao dia", detalhou. O balão sonda é lançado pela manhã às 08h e a noite 20h. O lançamento é em horário mundial, conhecido como Hora Zulu.

Abastecido com gás hidrogênio, o balão, após estourar com a pressão da altitude alcançada, cai suavemente – tem um pequeno paraquedas acoplado. Ele traz dados de orientação, explicando o que é; para que serve e recomendações sobre como tirar bateria. O aparelho é descartável e quem achar pode jogá-lo fora. Para o público acompanhar as informações em tempo presente, a FAB disponibiliza o site da Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica.

O sargento especialista

O sargento especialista da FAB passa pelo o Curso de Formação de Sargentos (CFS), realizado na "Escola de Especialista de Aeronáutica", localizada em Guaratinguetá, interior de São Paulo. Após o curso, o militar forma-se como sargento especialista, com especialização técnica na sua área de atuação.

Entenda um pouco sobre a Meteorologia Aeronáutica

Estações Meteorológicas de Superfície (EMS)
São implantadas nos aeródromos e coletam dados meteorológicos representativos das condições na pista de pouso. São equipadas com sensores automáticos para obtenção de medidas de direção e velocidade do vento, altura da base das nuvens, alcance visual na pista (RVR), pressão no nível do mar para ajuste do altímetro, pressão no nível da pista, temperaturas do ar e do ponto de orvalho. Os dados colhidos são codificados nas mensagens transmitidas aos bancos de dados, para uso dos serviços de meteorologia, da navegação aérea e dos demais usuários.

Estações Meteorológicas de Altitude (EMA)
São equipadas com sistemas destinados a observar e a traçar o perfil vertical de temperatura, pressão, umidade, direção e velocidade do vento nas diversas camadas da atmosfera. As sondagens são executadas por meio de um balão, lançado na atmosfera, contendo gás hidrogênio, ao qual é presa uma sonda dotada de sensores, bem como de um sistema GPS para precisar os dados de vento em altitude. As informações colhidas por uma EMA são codificadas e transmitidas para emprego da Meteorologia Aeronáutica. São informações importantes para o Banco de Dados do Sistema de Vigilância Meteorológica Mundial da Organização Mundial de Meteorologia (OMM).

Centros Meteorológicos de Aeródromo (CMA)
 Tem a finalidade de apoiar as operações aéreas e os serviços de tráfego aéreo nos aeródromos e de difundir as informações meteorológicas e as previsões geradas pelos demais centros. Fornece documentação de voo às tripulações e aos despachantes operacionais de voo, realiza exposições orais e fornece informações meteorológicas, observadas ou prognosticadas, que possam contribuir para a segurança do aeródromo e das aeronaves estacionadas.

REDEMET
É o principal meio de veiculação das informações operacionais. Visa a integrar os produtos meteorológicos, a fim de tornar o acesso a essas informações mais rápido, eficiente e seguro. É também o meio oficial do Comando da Aeronáutica para divulgá-las, interligando os órgãos de meteorologia do SISCEAB, por meio da Internet (http://www.redemet.aer.mil.br). As informações são do DECEA.